O Tetris que Quase Não Existiu

Tetris Tengen

A história era quase uma lenda urbana na época: uma versão de Tetris para o Nintendinho alternativa à oficial, com modo para dois jogadores e intermissões com dança cossaca.

Parece zoeira, né? Será que o jogo era real, ou só uma daquelas pegadinhas de 1º de Abril, tipo Sheng Long em Street Fighter 2?

Vamos descobrir juntos! Bem-vindos a mais uma sessão Nostalgia.

Origem conturbada

Tetris Tengen 00

A Atari, uma das pioneiras da indústria, havia assinado um contrato de direitos de lançamento do jogo Tetris para o NES através da subsidiária Tengen. Cerca de 500 mil cartuchos foram produzidos, e uma página inteira no jornal USA Today foi reservada para o anúncio do jogo.

O problema é que a tal detentora dos direitos, que convenceu a Atari a assinar o contrato, não era exatamente dona de nada. A Nintendo, nesse meio tempo, negociou os direitos de Tetris – com os donos verdadeiros – e criou sua própria versão do jogo para NES e Game Boy.

E a Atari, que já travava uma guerra de bastidores com a Nintendo, foi obrigada a fazer recall daquelas milhares de fitas que havia fabricado. Já as (aproximadamente) 50 mil cópias que chegaram a ser vendidas tornaram-se valiosos itens de colecionador.

Tá, mas e o jogo?

Tetris Tengen 01

O grande atrativo do Tetris da Tengen é sem dúvida o multiplayer, que a Nintendo não incluiu em sua versão. Além do modo versus, há ainda uma opção co-op em que os dois jogadores limpam as mesmas linhas. E esses modos também podem ser apreciados pelo jogador solo, com ajuda do computador (ou contra ele).

Na parte gráfica, a Tengen aposta em cores fixas para cada peça em um fundo predominantemente preto, ao contrário da versão Nintendo, que usa paletas temáticas por nível e abusa um pouco demais da borda cinza no cenário.

A tela título no jogo da Tengen impressiona mais com a Catedral de São Basílio em meio aos fogos de artifício, e os dançarinos celebrando o final das rodadas viraram símbolo máximo das diferenças entre as duas variantes.

Nenhuma versão superior

Tetris Tengen 02

Quase transformamos o artigo em um mini Versus, né? E assim como naquelas disputas, o vencedor aqui não fica necessariamente claro.

A versão Nintendo tem suas vantagens, além de ser a única oficial.

As peças de jogo são visivelmente compostas por formações de quatro quadrados – tetraminós –, o que ajuda bastante na identificação de espaços. Já o lado Tengen usa peças lisas com efeitos de sombreado, o que pode confundir o jogador em níveis de dificuldade altos.

Além disso, a disposição de informações na tela é mais concisa no jogo da Nintendo, com o campo centralizado e a próxima peça mostrada logo ao lado.

Na produção da Tengen, o campo fica sempre na lateral, mesmo em modo solo, e a próxima peça nos força a desviar os olhos lá pra cima na borda da tevê.

E é bacana ver personagens conhecidos como Mario, Samus e Donkey Kong aplaudindo o jogador no final, bem como a sequência de lançamento do foguete.

Vencedor: Empat—desculpe, categoria errada!

Diz aí, Tetris é o seu puzzle favorito? Eu tenho dúvidas entre Tetris – talvez DX – e World of Goo, que pra mim sempre pareceu subestimado nas discussões sobre o gênero.

Leia também sobre outros gigantes do Nintendinho, como Life Force e DuckTales!
Até mais!

A Fortuna de DuckTales

DuckTales NES

DuckTales foi um dos carros-chefe da produtiva colaboração entre Disney e Capcom no início dos anos 90, passando à frente de produções estreladas por Mickey Mouse.

O clássico jogo de plataforma do Nintendinho segue o Tio Patinhas em sua busca por tesouros espalhados pelo planeta, e até um ou outro fora dele.

Vamos relembrar? Bem-vindos a mais uma sessão Nostalgia!

Um senhorzinho acrobático

DuckTales 00

A mecânica de DuckTales gira em torno da bengala do Tio Patinhas, que impulsiona o protagonista com pulos mais altos, pode puxar objetos e até ser usada como taco de golfe.

O gameplay é simples, mas acredite, é suficiente para solidificar DuckTales no rol de jogos viciantes do NES.

O feedback dos golpes e pulos é impecável, e as fases e inimigos interagem bem com as habilidades do tio chique.

Tá tudo em casa

DuckTales 01

A estrutura, a física e o design das fases são claramente inspirados na série Mega Man, da própria Capcom, apesar de DuckTales enfatizar mais a exploração e menos o desafio de chegar até a sala do chefão.

São apenas cinco fases, escolhidas em qualquer ordem e eventualmente revisitadas: Amazônia, Himalaia, Transilvânia, minas africanas e a Lua. No final de cada área encontra-se um dos cinco raros tesouros que (por ora) devem satisfazer a ganância do velhinho aventureiro.

Zerar DuckTales não demora mais de uma hora na primeira experiência, nem metade disso em replays. Mas o jogo tem uma carta na manga para compensar sua curta duração.

Por uma piscina de moedas maior

DuckTales 02

Diamantes e outros tesouros encontrados durante o jogo são adicionados a uma contagem geral. Parece um sistema de pontos comum, né? Mas ao contrário da maioria dos jogos da era retrô, os pontos em DuckTales influenciam diretamente o desfecho da história.

Para conquistar o final mais feliz, o zilionário precisa juntar acima de 10 milhões de dólares, tarefa nada fácil se considerarmos que as fases só podem ser rejogadas uma vez cada – com auxílio do simpático Capitão Bóing. Todos os mapas exigem exploração total para que seja atingida a meta de score.

Com isso, aquela meia hora de jogo pode se transformar em duas horas ou mais. A estratégia é mais cautelosa, racionar vidas é imprescindível, e áreas fora do caminho até o guardião da fase passam a ser obrigatórias. É uma maneira eficaz de acrescentar valor de rejogabilidade sem taaanto conteúdo assim.

Há também um final ‘triste’ se zerarmos o jogo com a impressionante quantia de $0, que requer desviar o máximo possível de tesouros e sacrificar dinheiro por energia.

Sonora alegria

DuckTales 03

Os gráficos em DuckTales são ótimos, mas o destaque na apresentação mesmo é a música.

O tema principal (woo-oo!) é tão pegajoso em formato chiptune quanto o original com letra, e a música na fase da Lua fez tanto sucesso que até a nova série de TV a incorporou em uma adorável canção de ninar. Procurem Della’s Lullaby!

Remake fiel e aprovado

DuckTales 04

O jogo recebeu um makeover completo em 2013 com DuckTales: Remastered, que redesenhou os sprites em cenários 3D e acrescentou duas fases novas.

E a trilha, que já era belíssima, conseguiu a façanha de ficar melhor ainda com os remixes de Jake Kaufman.

Se você curte o original e não se importa em gastar com uma versão moderna que dura praticamente a mesma coisa, vale a injeção de nostalgia.

E aí, DuckTales é o seu preferido da parceria Capcom-Disney, ou talvez Rescue Rangers? Ou The Little Mermaid, The Magical Quest? Tá louco, é jogo bom demais. Compartilhe conosco!

Quer mais Nostalgia no Nintendinho? Confira nosso artigo sobre o shooter Life Force, da Konami.

Até mais!

Final Fight: A Outra Luta de Rua

Final Fight

Final Fight foi planejado originalmente como sequência para Street Fighter – chamaria Street Fighter ’89, em alusão ao ano de lançamento. Durante o desenvolvimento, a Capcom decidiu transformar o beat-‘em-up em sua própria franquia, algo que acabou acontecendo também com Devil May Cry.

Final Fight continua sendo uma das referências no gênero. O combate, ao mesmo tempo elegante e visceral, permite diversas abordagens e incentiva o jogador a aprimorar suas habilidades a cada sessão.

Venha com a gente acompanhar a trajetória de Cody, Guy e Haggar, o prefeito mão-na-massa de Metro City, arrebentando gangues mundo afora.

Final Fight (1989)

Final Fight (1989)

Final Fight não foi o primeiro beat-‘em-up, mas certamente foi o mais revolucionário. O combate requer estratégia e timing, ao contrário de jogos anteriores em que a dinâmica era uma coisa mais de trocar porradas e torcer pro inimigo cair.

Cody, Haggar e Guy atravessam seis áreas de Metro City em busca de Jessica, namorada do primeiro e filha do segundo, sequestrada pela terrível gangue Mad Gear. Cada personagem tem características únicas: Haggar, ex-wrestler e atual prefeito da cidade – que combinação! –, utiliza técnicas de luta-livre. Guy é um ágil mestre ninja, e Cody tem estatísticas balanceadas.

Final Fight foi relançado inúmeras vezes, a mais conhecida delas no Super Nintendo. A versão SNES foi uma enorme decepção, removendo Guy, a opção de dois jogadores e ainda uma das fases do Arcade.

Outras versões conseguiram contornar o desastre e incluir o jogo completo, como Final Fight CD (Sega CD, com trilha remixada) e Final Fight One (Game Boy Advance).

Final Fight 2 (1993)

Final Fight 2 (1993)

Haggar retorna e traz com ele Maki e Carlos, que repetem mais ou menos os papéis de Guy e Cody. O trio parte em uma missão global de pancadaria por Hong Kong, França, Holanda, Inglaterra, Itália e Japão.

Uma das críticas à versão SNES de Final Fight é que o desafio não havia sido adaptado para o console. Os valores de dano, principalmente, não eram nada favoráveis ao jogador, que podia perder mais da metade de sua vida com apenas um golpe. A sequência, lançada somente para o sistema da Nintendo, corrigiu o problema. Também é bem-vindo o modo para dois jogadores simultâneos.

Final Fight 2, no entanto, teve suas próprias grandes falhas. O sistema de combate é exatamente o mesmo, sem qualquer inovação, e na necessidade de responder à falta de conteúdo do relançamento anterior, as fases aqui ficaram longas e repetitivas.

É uma boa continuação, mas não chega a rivalizar com o clássico do Arcade.

Mighty Final Fight (1993)

Mighty Final Fight (1993)

Um esforço menor, mas sem sacrificar a qualidade? Sim, é possível! Única edição da série no Nintendinho, Mighty Final Fight redesenha o jogo original em estilo SD – ou Super Deformed, com personagens chibi.

Mighty apresenta um sistema de experiência típico de RPGs: quanto mais pontos acumulados, maior a barra de energia e o dano dos golpes.

Mighty Final Fight é o seu próprio produto, mas pode ser considerado um ‘demake’ também, e muito bem feito. Os três heróis originais são jogáveis aqui, e a releitura de Metro City em 8-bit é adorável.

Uma pena o jogo não permitir dois jogadores. Seria mais divertido ainda.

Final Fight 3 (1995)

Final Fight 3 (1995)

Agora sim, um sucessor de respeito! Final Fight 3 fez tudo que se esperava do segundo jogo, e mais.

A mecânica finalmente evoluiu, introduzindo golpes por comando à la Street Fighter, habilidade de corrida e dois estreantes com gameplay inédito: Lucia, detetive de polícia de Metro City, e Dean, um vândalo em busca de redenção. Haggar e Guy completam o grupo.

As fases são igualmente envolventes, com caminhos alternativos e partes do cenários que podem ser destruídas.

Há até a opção de jogar em dupla com o computador.

Final Fight Revenge (1999)

Final Fight Revenge (1999)

Se Street Fighter e Final Fight são franquias irmãs, nada mais natural que enviar a galera de Metro City para um rolê pelas lutas um contra um.

Final Fight Revenge foi desenvolvido para Arcades e teve relançamento limitadíssimo no Sega Saturn, sendo até hoje um item raro de colecionador.

Os personagens são todos veteranos do primeiro jogo – incluindo os três heróis – e trazem daquele universo a habilidade de pegar armas no chão, como facas, canos e lança-chamas. Fora isso, a mecânica é similar à de Street Fighter, ainda com a opção de dar um passo para frente ou para trás no plano 3D.

Agora só falta um beat-‘em-up estrelando Ryu, Ken e a turma toda! Cadê, Capcom?

Final Fight Streetwise (2006)

Final Fight Streetwise (2006)

Infelizmente, a despedida de Final Fight não foi das melhores. Streetwise tentou ‘modernizar’ a série – e o gênero – com apresentação claramente inspirada em Grand Theft Auto, diálogos forçados, zumbis (hein?) e uma adaptação malemá do combate para o 3D.

A própria Capcom conseguiu modernizar o gênero naquele ano com God Hand, que ainda chega perto do topo do gênero Stylish Action.

Os beat-‘em-ups da série não apareceram mais, mas ao menos os personagens de Final Fight sempre conseguem arrumar uma participação em Street Fighter. Confira nosso artigo sobre o legado de Street Fighter 3, cujo elenco tem Andore – ou Hugo –, o icônico brutamontes da gangue Mad Gear.

E você, tem um Final Fight favorito? Eu ainda tô na dúvida entre o original do Arcade ou Final Fight 3.

Até mais!

Final Fantasy 6 vs. Chrono Trigger

Final Fantasy 6 vs Chrono Trigger

Reverenciados até hoje, Chrono Trigger e Final Fantasy 6 – ou III na versão americana – foram desenvolvidos pela Squaresoft na mesma época, para o mesmo sistema e praticamente com o mesmo sucesso. Vamos comparar?

Neste duelo, serão analisadas as categorias:

  1. Mecânica: as principais interações entre jogador e jogo
  2. Estrutura: o ‘esqueleto’ do game; como os objetivos e as áreas são distribuídos
  3. História: cenário, trama e personagens
  4. Audiovisual: arte, música, detalhes de apresentação
  5. Conclusão

Ao final de cada categoria será declarado um vencedor, e na conclusão final teremos um campeão.

Chrono Trigger e Final Fantasy 6 são duas obras belíssimas, então ó, já segue o aviso: é quase impossível encontrar defeitos que coloquem um desses jogos tão na frente. Uma vitória em certa categoria não significa que o outro título seja ruim nela.

Ah, outra coisa importante: este artigo contém spoilers! Recomendo ler somente se você já zerou os dois competidores.

1. Mecânica

Final Fantasy 6 vs Chrono Trigger 01

Os dois jogos usam o mesmo sistema de batalha, com uma ou outra variação que não puxa tanto a vantagem pra um lado. Mas os confrontos em Chrono Trigger são mais elaborados. Há maior atenção a fraquezas e estratégias únicas para combinações de inimigos. Os monstros que contra-atacam quando seus pupilos são atingidos e os martelos inflamáveis são ótimos exemplos.

Além disso, Chrono Trigger não possui encontros aleatórios; o exército inimigo está sempre visível, o que ao menos suaviza aquela pasmaceira típica dos RPGs de não poder dar dois passos sem tropeçar numa batalha.

Vencedor: Chrono Trigger

2. Estrutura

Final Fantasy 6 vs Chrono Trigger 02

Final Fantasy 6 é um jogo mais aberto. O número de personagens jogáveis é maior e, por consequência, também são as possibilidades de formação de equipe.

O dirigível amplifica a sensação de liberdade, permitindo explorar o continente todo relativamente cedo.

E claro, há a chocante reviravolta na segunda metade do jogo. O êxito provisório de Kefka muda a disposição dos territórios e espalha os heróis por todos os cantos do Mundo da Ruína, necessitando recrutá-los um a um novamente.

A última fortaleza do jogo, inclusive, surge imediatamente no mapa arruinado e fica disponível o tempo todo, sendo decisão inteira nossa buscar mais forças ou tentar encerrar o domínio de Kefka o quanto antes.

Mas Chrono Trigger não fica atrás. O diferencial da estrutura de Chrono são os 13 finais, que lembram estações de trem: se o jogador quiser terminar a história em tal ponto da viagem, acontece um desfecho específico ali. A estação mais distante requer um planejamento maior, mas oferece um desfecho mais gratificante.

A aventura de Crono tem mapas e dungeons muito bem desenvolvidos, com atrações encaixadas naturalmente em cada era. As quests secundárias são outro destaque: cavernas, monstros e equipamentos opcionais que ajudam a enriquecer a experiência – literalmente, com tanto exp pra abocanhar nesses lugares.

Além disso, Chrono Trigger foi um dos pioneiros do New Game Plus: ao zerar o jogo, ele recomeça com quase todos os itens e levels conquistados na jornada anterior.

Vencedor: empate!

3. História

Final Fantasy 6 vs Chrono Trigger 03

Chrono Trigger faz bom uso do conceito de viagens no tempo, e o jogo soube introduzir cada era no momento apropriado. A decisão de mostrar o futuro apocalíptico no começo da história, por exemplo, alinha o jogador ao tom de perigo que permeia o restante da aventura.

De qualquer forma, não é fácil competir com a carga emocional dos eventos trágicos de Final Fantasy 6. Terra, Celes, Cyan, os irmãos Edgar e Sabin; quase todos os heróis têm motivações e revelações de cortar o coração.

E a transformação do Mundo da Ruína é uma daquelas surpresas que não deveriam ser estragadas por um artigo mequetrefe qualquer na internet. Pera lá, não tô falando desse artigo, eu coloquei aviso de spoiler!

Vencedor: Final Fantasy 6

4. Audiovisual

Chrono Trigger Akira Toriyama

Conhecem um tal Akira Toriyama? O artista criador de Dragon Ball foi o responsável pelo design dos personagens de Chrono Trigger. Não precisava nem falar, só olhar o rosto e a cabeleira da galera. Os sprites traduzem bem o estilo de Toriyama do papel para os pixels, dando um tempo naquele ‘achatado’ característico dos personagens de RPG em 8 e 16-bit.

Final Fantasy 6 vs Chrono Trigger 04

Das cavernas pré-históricas ao futuro tomado pelo lixo, cada era em Chrono Trigger tem a sua própria atmosfera. O castelo de Magus carrega uma impressão pesada de que algo terrível vai mudar a trajetória dos heróis, enquanto o reino Zeal transmite a rara paz dos céus. E a trilha sonora passeia com elegância por todos esses períodos, resgatando sutilmente em suas notas o tocar de um relógio que conecta todos os tempos.

Não que Final Fantasy 6 não seja excelente nesse quesito, porque é. O jogo já começa com mechs caminhando sob uma tempestade de neve ao som do tema de Terra, um soco no estômago que nos conduz devagarinho pelo mapa até a inevitável e completa destruição daquele mundo.

A apresentação audiovisual de Final Fantasy 6 é de arrepiar.

Mas só pra não ficar em cima do muro, vou de Chrono.

Vencedor: Chrono Trigger

5. Conclusão

Final Fantasy 6 vs Chrono Trigger 05

Um quase empate. Minha decisão final aqui é menos pela média das categorias e mais pelos confrontos não-aleatórios de Chrono Trigger, que trazem uma fluidez mais natural para a exploração.

Vencedor: Chrono Trigger

Concorda com o resultado? Discorda? Mande sua opinião e sugestões de batalhas nos comentários!

Se quiser acompanhar mais uma guerra entre duas obras-primas, confira Super Mario Bros. 3 vs. Super Mario World.

Até mais!

A Viagem Orgânica de Life Force

Life Force

Life Force é uma meia-continuação de Gradius, o clássico shooter espacial da Konami que ajudou a moldar o gênero como o conhecemos hoje.

Nesta edição de Nostalgia, vamos relembrar a versão mais popular de Salamander, lançada em 1987 para o Nintendinho.

Espera aí. Salamander?

Um passeio interior

Life Force 01

O jogo foi batizado no Japão com o nome Salamander, mais tarde alterado para Life Force na adaptação pro nosso lado da lagoa.

Junto com o nome, a história do jogo também foi modificada, e certamente inspirada pelo filme Viagem Fantástica. A obra do cinema retrata a aventura de cientistas que são encolhidos e transportados para dentro de um corpo humano, a fim de remover um coágulo.

Em Life Force, o corpo é de um alienígena infectado por bactérias, e a navegante é a célebre Vic Viper.

O cenário nos conduz através de intestinos, costelas e outras partes do corpo, com detalhes impressionantes – até meio nojentos – para um título 8-bit.

Na transição para a temática orgânica, no entanto, algumas fases acabaram não fazendo total sentido, como os corredores de fogo e as estátuas egípcias. A não ser que o etê tenha engolido uma pirâmide inteira e isso fez um mal danado pro estômago. Vai saber, às vezes os aliens também sofrem com queimação.

Pra cima e pra frente e pra cima de novo

Life Force 02

Além do tema biológico, destaca-se a alternância entre modos de gameplay horizontal e vertical. A mecânica e os poderes são idênticos nos dois modos, mas do ponto de vista da apresentação, a mudança é interessante.

As fases verticais introduzem um desafio que se tornou símbolo dos space shooters: as sequências em altíssima velocidade. Mesmo depois de derrotar a cobra ou sei lá o que dominava o coração da última fase, o jogador ainda enfrenta um túnel vertiginoso que o leva até o final feliz.

Outros jogos do gênero como Abadox e até Battletoads foram influenciados por essas cenas de fuga aceleradas.

Dificuldade equilibrada e igualmente dividida

Life Force 03

Também de forma orgânica, Life Force representa uma passagem do estilo hardcore de Gradius para uma experiência consideravelmente menos impiedosa.

As mortes em Gradius mandavam o jogador de volta para checkpoints severos, forçando a repetir praticamente metade da fase até chegar de novo onde a nave fora atingida. Já Life Force ressuscita Vic Viper ali no mesmo lugar, sem pausa, sem crise.

A opção de jogar com outra pessoa também é bem-vinda, e claro, o poderio em dobro ajuda a suavizar a dificuldade.

E se isso tudo não for suficiente pra garantir a diversão, é possível digitar o famoso Konami Code (cima, cima, baixo, baixo…) na tela título e iniciar o jogo com 30 vidas.

Aprovado pela história, mas não necessariamente pela trama

Life Force 04

Com jogabilidade contagiante, opção co-op e desafio relativamente acessível, Life Force cativou ainda mais apaixonados pelos shmups, em especial aqueles que se sentiam renegados por jogos mais exigentes.

A ‘trama’ do organismo infectado não foi das mais plausíveis, considerando os cenários que em nada lembram partes do corpo, mas confesso que ainda tenho uma mini esperança de ver a explicação da dor de estômago sendo oficializada pela Konami.

Coitado do alien, não ajudava tomar um sal de frutas que fosse?

Para outras aventuras espaciais, confira nossa retrospectiva da série Dead Space! Ou um olhar nostálgico sobre mais um jogão das antigas: The Simpsons (Arcade).

Até mais!

O Terror Implacável da Série Dead Space

Pegando carona no sucesso de Resident Evil 4, Dead Space arrastou a ação de terror para os mais horripilantes cantos do universo, e é claro que a gente quis viajar junto.

Dead Space foi uma série de curtíssima duração, o que é surpreendente para uma produção tão grande e bem vista pelo público. Apenas cinco anos separam o primeiro e o último jogo da franquia, que varia bastante em tom e execução.

Nossa retrospectiva vai acompanhar toda a heróica saga de Isaac Clarke, o engenheiro que aprendeu a usar suas ferramentas de mineração para decepar alienígenas e… aprendeu a falar, também.

Dead Space (2008)

Dead Space (2008)

Até o angustiante Alien: Isolation, Dead Space foi o jogo que chegou mais próximo da sensação de explorar a nave Nostromo, de Alien – O Oitavo Passageiro. A USG Ishimura, uma majestosa embarcação designada para mineração de planetas, emprestou traços e ambientes diretamente do clássico de Ridley Scott, desde a iluminação inconstante aos claustrofóbicos corredores.

E é lá que o engenheiro Isaac Clarke, nosso silencioso protagonista, vive seu pior pesadelo. Contratado para um serviço de reparação, Isaac descobre toda a tripulação da Ishimura infectada por criaturas misteriosas.

Munido de potentes ferramentas de mineração que funcionam, em essência, como armas de tiro, Isaac pode decepar braços, pernas e cabeça dos Necromorphs, os monstros do jogo. Dependendo da parte do corpo que for dilacerada, as criaturas mudam seu comportamento e golpes: se tiver a perna arrancada, por exemplo, o inimigo não consegue mais correr.

Ao contrário da maioria dos jogos do tipo, atirar na cabeça aqui é tipicamente uma má ideia, deixando os Necromorphs mais rápidos e agressivos.

Apesar da nova mecânica, Dead Space não escapou das comparações com Resident Evil 4, ainda um dos pilares do gênero. A loja de itens variados – sem o amigo Merchant desta vez –, a hierarquia de inimigos e até os upgrades das armas são bastante similares à obra-prima da Capcom.

Mas a ‘inspiração’ não tira o brilho de Dead Space, que é até hoje uma experiência aterrorizante. O design de som e a interface integrada à realidade do jogo – os menus e energia de Isaac são projetados através de hologramas e em seu traje, respectivamente –ajudam a imersar o jogador nesse mundo sufocante, bem como a trama cheia de reviravoltas.

Dead Space: Extraction (2009)

Dead Space: Extraction (2009)

Extraction é um rail shooter lançado originalmente para o Nintendo Wii e mais tarde PS3, usando e abusando do controle por movimento que era a moda da época.

Os rail shooters de terror costumam sofrer com uma certa obrigação de criar o mesmo suspense dos seus jogos de origem, deixando as fases lentas e sem muito valor de rejogabilidade. Extraction tem o mesmo problema, na maior parte do tempo.

Dito isso, o jogo traduz bem a ideia de decepar corpos inimigos via Wiimote. Extraction é uma adição interessante à série.

Dead Space: Ignition (2010)

Dead Space: Ignition (2010)

Quase esqueci de Ignition quando organizei essa lista. É um jogo tão insípido e sem importância que funcionou mais como uma lembrança de que Dead Space 2 estava chegando.

Ignition une mini-games de lógica e reflexo a uma história interativa de múltipla escolha, e não faz lá um trabalho maravilhoso em nenhum desses aspectos. Os mini-games alternam puzzles, corrida e defesa de torre.

É uma distração boba, não mais que isso.

Dead Space 2 (2011)

Dead Space 2 (2011)

Peraí. Isaac fala? O cara foi promovido a herói de filme em Dead Space 2, com frases de efeito e disposição física de atleta profissional, transformando-se não oficialmente no John McClane do espaço. Tá, o próprio Bruce Willis já foi o John McClane do espaço em O Quinto Elemento, mas enfim!

Dead Space 2 abraça de vez a ação, ainda com um toque de terror. A nova estação espacial não é tão memorável ou tensa quanto a Ishimura, mas traz maior variedade de ambientes e criaturas perturbadoras, e ajuda a expandir o universo – hah – da franquia.

O grande aprimoramento na sequência foi certamente o controle. O primeiro jogo foi coerente com seu conceito ao não dar tanta mobilidade nem poderes de reação irrealistas à sua estrela, um engenheiro ‘comum’, mas agora, com Isaac se tornando o Korben Dallas dos games, optaram por uma reformulação no feedback.

As armas, o movimento e a mecânica de decepar corpos são muito mais macios e responsivos, resultando em um jogo mais divertido, técnico, e talvez menos aterrorizante.

Dead Space 3 (2013)

Dead Space 3 (2013)

O capítulo final da saga é o menos impactante, mas ainda assim um ótimo jogo.

As principais novidades em Dead Space 3 são a opção de jogar em dupla com outra pessoa, o que mergulha definitivamente a série na ação, e o sistema de criação de armas.

O primeiro é bem implementado. Em comparação com outros jogos co-op do gênero, como Resident Evil 5, Dead Space 3 acerta ao não forçar o segundo personagem no modo single player. Carver, parceiro de Isaac na aventura, praticamente nem aparece em jogos solo, só nas cenas de história.

Se o jogador preferir salvar a humanidade em dupla, além da campanha em si, há ainda várias missões opcionais à disposição.

A customização de armas é bacana, apesar de ‘prender’ upgrades até momentos do jogo que soam arbitrários demais. Isaac encontra peças espalhadas pelas fases o tempo todo, podendo combiná-las para montar novas ferramentas. Tem coisa mais satisfatória que uma pistola laser que também é um lança-chamas?

Já o cenário da derradeira jornada é Tau Volantis, um planeta desolado e congelante que abriga os piores segredos da série. A mudança de ambiente é bem-vinda depois de duas estações espaciais de tom mais ou menos parecido.

As tempestades de neve, a necessidade de manter a temperatura corporal equilibrada e os novos trajes de frio são algumas características que o gameplay adota dentro do tema.

Infelizmente, o design de fases peca no backtracking excessivo pelas mesmas áreas, com desafios que não justificam o vai-e-vem. A distribuição de inimigos só piora essa impressão, repetindo emboscadas atrás de emboscadas que acabam ficando previsíveis.

Ao que tudo indica, Dead Space foi aposentado permanentemente quando a EA se desfez do estúdio Visceral Games, mas tem em Callisto Protocol um sucessor em espírito, produzido pelo mesmo criador. Vamos aguardar!

Tá no clima pra jogos de terror? Que tal conferir outra retrospectiva assustadora, desta vez da série Silent Hill, ou nossa análise do novo clássico Resident Evil 2 Remake?
Até mais!

Top 9 Jogos do Mario

Jogos do Mário

Convenhamos que o bigodudo dispensa apresentações, né? Vamos examinar alguns dos seus melhores jogos, ênfase em ‘alguns’. Se fosse pra falar de todos os títulos bons da série, a gente ficaria aqui até a próxima geração.

Os jogos do Mario são apropriados para todas as idades e habilidades, e isso não é jargão de marketing. Com gameplay fácil e viciante e incontáveis inovações, Mario já deve estar cansado de impressionar a indústria a cada apresentação.

Jogos do Mario

Nossa lista vai focar nos jogos de plataforma, com uma exceção que também tem seus elementos de pulo.

Let’s-a go!

9. Super Mario Maker

Super Mario Maker

A lista começa com uma fábrica inteira de jogos! Um editor customizado do tipo sempre foi um sonho de criança meu. Super Mario Maker possibilita criar fases nas eras Super Mario Bros., Mario 3, World e os recentes New Super Mario Bros. e 3D World – o último na sequência para o Switch –, cada um com sua mecânica e itens.

A interface é intuitiva; é só arrastar os elementos que deseja incluir na fase, e pronto. O resto fica por conta da sua imaginação!

Já criou fases e quer compartilhar? Manda aí nos comentários.

8. Super Mario RPG: Legend of the Seven Stars

Super Mario RPG: Legend of the Seven Stars

A estreia de Mario nos RPGs não poderia ter sido melhor. Super Mario RPG é uma experiência agradável mesmo para quem não é tão acostumado ao gênero, como eu.

O sistema de batalha em turnos é simples, e não há encontros aleatórios – os inimigos estão sempre visíveis na tela.

Além do encanador e outros conhecidos como Bowser, Toad e Peach, o jogo introduz novos personagens que viriam a ser igualmente celebrados. O roteiro, aliás, é espetacular, com humor leve, trama bem amarrada e cheia de surpresas.

O design ainda é inteligente ao incorporar elementos de plataforma; afinal de contas, Mario não é Mario sem seus famosos pulos!

7. Super Mario 3D World

Super Mario 3D World

Os jogos 3D da série passaram por um período meio saudosista no 3DS e no Wii U, retendo o movimento tridimensional, mas com fases lineares e limite de tempo. Super Mario 3D World foi o ápice dessa pizza meio muçarela, meio calabresa.

As fases em 3D World ficaram absurdamente criativas, do tobogã de dinossauro à inspiradíssima homenagem aos space shooters.

Escalar paredes com a nova roupa de gato é outra novidade brilhante, e ainda podemos escolher entre quatro personagens com habilidades personalizadas à la Super Mario Bros. 2.

6. Yoshi’s Island

Yoshi’s Island

Yoshi é a estrela da sua própria série, tecnicamente, mas Yoshi’s Island foi a primeira aventura da vida de Mario! Não dá pra ignorar. O recém-nascido Mariozinho, ainda sem bigode, foi deixado pela cegonha no ponto errado do trajeto, cabendo a Yoshi e sua família levá-lo para casa.

A mecânica é um pouco diferente dos pulos convencionais. Yoshi pode botar e atirar ovos e até se transformar em veículos com seu rosto estampado, tudo enquanto protege Mini Mario dos perigos em volta.

E olha… Mario sabia gritar e chorar quando era bebê, mano do céu. Se a intenção da Nintendo era nos forçar a aprimorar nossas habilidades pra evitar esse som agudo, a missão foi bem sucedida.

A direção de arte merece destaque, com tons e traços que remetem à infância. Os cenários, por exemplo, são todos pintados com giz de cera, e as caixas de diálogo são lousas.

5. Super Mario Galaxy

Super Mario Galaxy

Lançado em 2007 em meio a críticas à qualidade técnica do Nintendo Wii, Super Mario Galaxy cativou fãs e crítica com fases variadas, apresentação impecável e jogabilidade flexível.

Ao contrário de seu antecessor, Super Mario Sunshine, Galaxy adota a temática da vez – o espaço – com certa margem ‘mágica’ para poder usar qualquer tipo de ambiente. Jardins suspensos, planetas congelados e escaldantes, até mesmo uma praia paradisíaca descansando numa tigela flutuante.

Das cinematográficas rotas Launch Star à trilha sonora, que se tornou um clássico instantâneo, o audiovisual em Super Mario Galaxy é simplesmente de tirar o fôlego, competindo fácil com os sistemas mais avançados da geração.

E apesar de toda aquela obrigação do controle por movimento na época, o Wiimote é utilizado de maneira relativamente sutil, com ‘estalos’ de pulso na maior parte do tempo e apenas algumas fases reservadas para movimentos mais intensos.

Super Mario Galaxy é uma viagem não só pelo espaço sideral, mas além das mais encantadoras fronteiras da imaginação.

4. Super Mario Galaxy 2

Super Mario Galaxy 2

Galaxy 2 foi planejado inicialmente como uma expansão para o primeiro jogo, mas as ideias foram tantas que a Nintendo resolveu lançar uma sequência completa.

As poucas falhas do Galaxy original foram consertadas. Há maior variação nos objetivos, o ritmo das fases é mais ágil e o conteúdo dobrou. Se Galaxy 1 já era uma obra-prima, sei lá eu como descrever o segundo. Cobrem isso da Nintendo.

3. Super Mario Bros. 3

Super Mario Bros. 3

Não há nada em Super Mario Bros. 3 que não tenha se tornado uma marca da série. Os mapas interativos, o Kuribo Shoe, a roupa de sapo; todas as peças do design caíram como uma luva, e o resultado foi, para a surpresa de ninguém, o maior jogo de sua época.

Cobrimos Mario 3 e suas principais características mais detalhadamente numa divertida batalha contra Super Mario World, na seção Versus. Passa lá depois!

2. Super Mario World

Super Mario World

Super Mario World conseguiu, de alguma forma, melhorar o que já era excepcional no antecessor. O mapa, agora mais aberto e disponível o tempo todo, possibilita explorar o mundo como quisermos. O controle é tão macio e reativo que a gente só encosta no joypad e puf, já foi metade do jogo.

Por fim, World introduziu o famoso sistema de saídas, que deve ter sido parcialmente responsável pela obsessão em completar jogos 100% que temos hoje em dia.

Isso tudo além do mais-que-bem-vindo save. Precisa mais?

1. Super Mario 64

Super Mario 64

Mario sempre teve um belo repertório de habilidades, mas foi Super Mario 64 que transformou o Bigode no rei da acrobacia. Pulos longos, triplos, mergulhos; até hoje, mesmo dentro da própria franquia, é difícil encontrar um título com a liberdade de movimento que Mario desfrutou em sua inauguração poligonal.

Temos total liberdade, também, para escolher nossa rota. As Power Stars podem ser obtidas em qualquer ordem, ou até mesmo ignoradas. Essa estrutura abre inúmeras opções de estratégia – speedruns focam em estrelas mais rápidas, por exemplo – e funciona ao mesmo tempo como um medidor de dificuldade, já que é possível deixar objetivos mais complicados para trás e tentar pegar estrelas mais de boa.

Super Mario 64 foi tão revolucionário que suas conquistas técnicas e fórmula ainda são modelos para a indústria.

E na minha visão, continua sendo o melhor Mario de todos os tempos.

Triste deixar Odyssey, Super Mario Land 2 e os Karts fora da lista, mas é o preço que se paga por ter que escolher entre tantos clássicos.

Quem sabe numa revisão, ou mesmo uma sequência do artigo? Curtem a ideia?

Se você estiver mais alinhado ao time da Sega (ou se quiser estudar a concorrência), fizemos um Top jogos do Sonic também!

Até mais!

A História Estilosa de Devil May Cry

Devil May Cry

Em 2021, Devil May Cry completa 20 anos. Fundadora do gênero Stylish Action, a série enfrentou turbulências e decisões questionáveis por parte dos desenvolvedores, mas conseguiu se reerguer e reconquistar os fãs… algumas vezes já.

Combos, referências pop, até provocações dignas de quinta série aos monstros; tudo em Devil May Cry serve o distinto propósito de derrotar os inimigos com personalidade e estilo. Se Dante pode usar uma guitarra como arma, ele vai usá-la.

Quem topa fazer uma viagem até as últimas profundezas do inferno? Calma, calma, é só para relembrar a história dos demônios mais garbo do universo gamer.

Tão preparados?

Devil May Cry (2001)

Devil May Cry (2001)

O primeiro Devil May Cry nasceu do esforço criativo – e incansável – de Hideki Kamiya. Encarregado de comandar mais uma sequência de Resident Evil, o diretor se empolgou um pouquinho e acabou dando poderes sobre-humanos a Leon, protagonista até então, mudando o tom do jogo para a ação pura.

A Capcom enxergou potencial na nova ideia, mas não quis misturá-la com a realidade mais ‘científica’ de Resident Evil. Decidiram, então, transformar o conceito em uma propriedade separada. Daí surgiu Dante: metade humano, metade demônio, protetor da humanidade e piadista.

Dante é um herói cheio de personalidade e carisma, provocando os adversários, trazendo leveza à história e o mais importante: convidando o jogador para a diversão.

Devil May Cry quer que a gente seja tão descolado e habilidoso quanto o seu herói. Para isso, o jogo adota uma abordagem, digamos, sem piedade. Os monstros enfrentados por Dante são brutais, alguns com uma dúzia de golpes, e mesmo os inimigos mais básicos não são despachados sem estudo e estratégia. Ao final de cada missão, o jogador tem sua performance avaliada através de um rigoroso sistema de ranking.

Mas a recompensa vale o esforço. Devil May Cry é um dos jogos de ação mais gratificantes de sua era, combinando luta com espada, socos e armas de tiro na mesma proporção. Dante pode jogar um monstro para o alto e mantê-lo no ar com tiros de pistola, ou desviar dos inimigos com destreza e contra-atacar na melhor chance.

O combate ainda não tinha toda aquela liberdade que passou a caracterizar a série, mas dentro de suas limitações, o original fez um trabalho espetacular.

Devil May Cry 2 (2003)

Devil May Cry 2 (2003)

Uma sequência seria inevitável, né? Sucesso de crítica, vendas e tudo mais, potencial de evolução, a moral de ter fundado um novo gênero. A Capcom não deixaria passar a oportunidade, e não deixou.

Mas o resultado, infelizmente, foi um desastre.

Devil May Cry 2 teve um processo complicado de desenvolvimento, com troca de comando na equipe, prazo curto e uma necessidade sem sentido de deixar tudo maior que o precursor.

Nisso, perdeu-se o equilíbrio do gameplay original, bem como a física e o desafio. A ação e os diálogos são entediantes e arrastados. As fases realmente são maiores, mas sem conteúdo para preencher todo aquele espaço, resultando em arenas vazias e banais. Alguém aí quer atirar num tanque de guerra por doze minutos seguidos em uma longa avenida? Iêi.

Ah, Devil May Cry 2 também apresentou Lucia como co-protagonista. Coitada, nem sobrou muita coisa pra falar dela. Seus golpes são ligeiramente diferentes, mas nada especial.
Foi um jogo para esquecer.

Devil May Cry 3: Dante’s Awakening (2005)

Devil May Cry 3: Dante’s Awakening (2005)

Sem dúvida, a grande obra-prima do gênero. Depois de uma excelente introdução e de uma sequência que pelamordedeus, essa prequel finalmente estabeleceu a identidade do gameplay que conhecemos até hoje, alinhando o sistema de combate até o ponto certo.

A barra Style, parte integral do gameplay, fica o tempo todo de olho na repetição dos golpes. Repetir repetições repetidas tira pontos do ranking final.

Mas sério, o objetivo é variar os golpes e estimular a criatividade. Para isso, o jogo oferece um repertório considerável: cinco armas de tiro, cinco de mão – incluindo um nunchaku e, sim, a famosa guitarra –, além dos novos Styles, estilos de luta que abrem um leque de opções relacionadas a defesa, movimento e armas.

Como se não bastasse, Devil May Cry 3 ainda conta uma história excepcional para os padrões do gênero. A narrativa é eficaz, os personagens bem desenvolvidos, e a mitologia é expandida a partir do ponto de vista de um jovem e (mais) imaturo Dante.

Devil May Cry 4 (2008)

Devil May Cry 4 (2008)

Nero, a nova estrela da praça, chega com um modo de luta diferente, mas igualmente divertido. O braço direito de Nero, o Devil Bringer, puxa inimigos para perto, manda o próprio herói para longe, ou agarra o inimigo e desfere um golpe especial.

Além do Devil Bringer, Nero usa uma espada acoplada a um guidão de moto – exatamente o que você leu! – e que tem o poder de ‘acelerar’ energia e causar maior dano.

Nero oferece uma dinâmica interessante ao combate, priorizando combos mais fluidos e quase sem intervalo entre os golpes. E se você prefere Dante, ele participa da festa também, é claro. Mas… é aí que reside o maior problema do jogo.

O design de fases em Devil May Cry 4 lembra Silent Hill 4, que cobrimos na retrospectiva anterior. Na metade da aventura, somos obrigados a fazer um cavalinho de pau e voltar até a primeira área do jogo pelo caminho inverso. Qual é, Capcom, acabou a grana no meio do trampo?

Sim, a metade derradeira nos coloca no controle de Dante, que tem suas próprias habilidades, mas o formato de bate-volta continua sendo escancarado e preguiçoso. E fica pior considerando que reencontramos os chefes em ordem reversa, o que os torna cada vez mais fáceis, ironicamente.

Dito isso, Devil May Cry 4 é uma ótima experiência, com gráficos primorosos e combate cada vez mais refinado.

DmC (2013)

DmC (2013)

O problema nessa tentativa frustrada de reboot foi o claro descaso com a história da franquia e, pior, com os fãs. Ninja Theory, estúdio responsável pelo jogo, parece ter sido informado de que Devil May Cry era um fracasso ressonante, sendo eles os verdadeiros gênios que salvariam todos nós do marasmo das versões anteriores.

Dante, apelidado Donte (haha) pela comunidade, agora vive em uma realidade punk rock, sem um fio de cabelo branco. Sua cidade, Limbo, é comandada por demônios engravatados que, aparentemente, manipulam a sociedade como bem entendem. Uau, a audácia.

O roteiro é pretensioso do início ao fim, passando mensagens sem sutileza alguma – não, sério, às vezes as palavras pulam na tela! – e cutucando o público como quem diz ‘pode confessar, você não gosta realmente daqueles jogos ultrapassados, né?’. Aliás, em certo momento, uma peruca branca cai por cima da cabeça de Dante, que a despreza e joga fora. Ai, ai.

Sabem a pior parte disso tudo? DmC não é um jogo ruim – é bom. A mecânica de poderes Angel e Devil é envolvente, o combate aéreo é dos mais viciantes do gênero, o design de missões flui bem, e o visual transita entre o mundo moderno e as belas vistas sobrenaturais com elegância.

Uma pena. Não fossem as decisões malucas de apresentação e temática, esta seria considerada uma adição perfeitamente sólida ao universo Devil May Cry.

Devil May Cry V (2019)

Devil May Cry V (2019)

A saga de Dante continua após o fim do quarto jogo. Reboot? Que reboot? A Capcom basicamente tapou os olhos e fingiu que não havia acontecido nada.

E fez bem.

Urizen, um lorde infernal que não parece precisar de muito mais na vida, resolve espalhar raízes de uma árvore demoníaca pela Terra a fim de se tornar ainda mais poderoso. A trama tem várias reviravoltas surpreendentes que fazem jus à mitologia construída até ali.

Não demora muito pra ficar clara a escolha pelo 5 romano no título: Dante e Nero agora dividem os holofotes com V, mais novo protagonista da série. V não tem a mecânica tão aprofundada quanto a dos dois colegas, o que talvez seja o pecado capital de Devil May Cry V.
V está em condições frágeis demais para lutar, optando por invocar monstros do primeiro Devil May Cry – Shadow, Griffon e Nightmare – que fazem o trabalho pelo jovem.

O combate com V lembra aquela ideia estereotipada que algumas pessoas têm sobre videogames, de martelar os botões sem ritmo ou timing até ‘vencer’. É mais ou menos isso que acontece.

As arenas também são um pouco repetitivas. Chega uma hora que cansa ver tantas raízes escuras num céu cinzento.

Apesar dos tropeços, Devil May Cry V é bem sucedido onde realmente importa: na ação e complexidade do sistema de combate. Com Dante e Nero, ao menos.

E agora, pra onde será que vai a próxima sequência? A história vai continuar sendo expandida, ou será que vamos ter que aguentar mais um reboot prepotente? Comente aí pra nós o seu Devil May Cry favorito!

Até mais!

Top 9 Jogos do Sonic

Sonic chegou na velocidade do som para revolucionar a indústria no início dos anos 90. O porco-espinho azul – ou seria ouriço? – fez história como o primeiro mascote a concorrer à altura com um tal Mario da Nintendo. Descanse em paz, Alex Kidd.

Os jogos da série Sonic foram criados, em sua maioria, para transmitir ao jogador uma sensação de velocidade quase constante. As fases são labirintos imensos, com várias rotas possíveis e construções como loopings e túneis que reforçam essa adrenalina. É claro, há obstáculos e inimigos por todos os lados tentando atrapalhar a diversão, mas o objetivo final é sempre atravessar as fases com finesse e rapidez.

Jogos do Sonic

Dono de uma rica história e marca inquestionável, Sonic é um dos grandes patrimônios do mundo dos jogos, ainda que não seja tão bem tratado por seus desenvolvedores como deveria. Né não, Sonic 06?

9. Sonic Adventure 2

Sonic Adventure 2

Não curto tanto a estrutura de Sonic Adventure 2, que alterna suas fases entre Sonic, Tails e Knuckles, cada personagem com seu gameplay específico.

As fases de Sonic são as melhores, com toda aquela agilidade que conhecemos, enquanto Tails e Knuckles priorizam ação de tiro e busca por itens, respectivamente, ambos sem a fluidez característica da franquia.

Bem, mas o jogo está aí na lista, não? Sim! Sonic Adventure 2 vale a pena, mesmo com algumas lombadas pelo caminho. E é inegável que a estrutura do jogo é honesta, distribuindo o conteúdo ao máximo para evitar a repetição.

Por fim, a trilha sonora não pode ser descrita com outra palavra que não seja ‘pegajosa’. Procurem lá no Google “Sonic City Escape” e passem os próximos dias com esse som na cabeça. De nada. Ou desculpe.

8. Sonic the Hedgehog (8-bit)

Sonic the Hedgehog (8-bit)

Adaptação para os sistemas 8-bit da Sega – Master System e Game Gear –, esta versão de Sonic é bem mais simples e familiar que seus irmãos mais velhos no Genesis.

Sonic 8-bit foi desenvolvido pelo estúdio de Yuzo Koshiro, também responsável pela obra-prima Streets of Rage 2. É um jogo de plataforma tradicional, com design sólido e o mesmo charme que conquistou fãs na geração 16-bit.

Destaque para o sistema de Chaos Emeralds, que aboliu os temidos bonus stages e optou por distribuir as joias pelas fases como colecionáveis.

7. Sonic Adventure

Sonic Adventure

Na minha visão, a Sega já havia encontrado a estrutura ideal para seus Sonic 3D neste jogo, que batizou o mascote no eixo z. Oi? Sonic 3D Blast? Hã? Não tô escutando, acabei de entrar num túnel!

Enfim.

Ao contrário de seu sucessor, que alterna rigorosamente entre três heróis, Sonic Adventure mantém as campanhas de cada personagem separadas. O jogo ainda conta com um overworld à la Mario 64, que dá acesso a uma variedade de mundos temáticos.

A câmera parece ter vida própria, é verdade, e certos objetivos são muito mais empolgantes que outros, mas Sonic Adventure é consistente em sua qualidade no geral.

6. Sonic the Hedgehog (Genesis)

Sonic the Hedgehog (Genesis)

O original merece um lugar na lista, com certeza!

As zonas são um pouco cansativas, com três atos cada – algo que já foi corrigido a partir do segundo jogo –, e o herói ainda não tinha algumas de suas habilidades mais viciantes como o Spin Dash.

Mesmo assim, a estreia de Sonic marcou pelo ritmo mil vezes mais acelerado que a concorrência, gráficos coloridos, desafio na medida e controle responsivo.

5. Sonic Generations

Sonic Generations

Na dúvida entre criar um Sonic retrô ou moderno, decidiram por uma combinação dos dois! Sonic Generations mistura velho e novo design em um pacote.

As fases no estilo antigo são chapadas em ‘2.5D’, enquanto as modernas são mais uma tentativa de emplacar o herói no universo tridimensional.

E os dois modos fazem um bom trabalho.

As fases 3D ainda sofrem um pouco para deixar claro ao jogador qual parte da montanha-russa deixa de ‘jogar’ automaticamente por nós, mas a sensação de velocidade é incrível, ainda mais aliada aos gráficos detalhadíssimos e ângulos cinematográficos.

Já as fases 2D, que tendem a ser mais fáceis, capturam bem o design que estamos acostumados a ver desde 1991.

4. Sonic CD

Sonic CD

O Sega CD foi uma transição meio esquisitona entre a última geração de consoles por cartucho – não deixem a Nintendo ouvir isso! – e o inevitável domínio dos CDs. E Sonic não poderia ficar de fora da festa.

Sonic CD tem um conceito inovador, com suas fases mudando de cara e layout em certos períodos de tempo: passado, presente ou futuro, mais uma versão alternativa do futuro se as coisas correrem bem nos outros períodos.

O jogo compete de igual para igual com seus antecessores no Mega Drive, dando continuidade ao gameplay ágil e agora com trilha sonora em CD. Sonic Boom!

3. Sonic Mania

Sonic Mania

O terceiro lugar em nosso pódio é bem recente, de 2017.

Sonic Mania é o puro fan service, no melhor sentido do termo. Começou como fangame, desenvolvido pela comunidade de hacks, ganhou aval da Sega para lançamento comercial, e hoje é um dos mais bem recebidos títulos da série.

Sonic Mania remixa fases e gráficos no estilo clássico 16-bit, sem abrir mão de incluir suas próprias modernidades. O design em Mania sempre vem acompanhado por um toque extra de imaginação, mesmo quando o conteúdo é reciclado.

O chefe da Green Hill Zone, por exemplo, resolveu se cobrir com uma armadura de espinhos, rebaixando o desengonçado pêndulo para o rol de partes vulneráveis.

Há zonas novas e marcantes também, como o estúdio de tevê Studiopolis e o deserto faroeste Mirage Saloon, que não devem nada às fases mais memoráveis da franquia.

Sonic Mania é uma belíssima homenagem ao legado de Sonic e, ao mesmo tempo, uma continuação de respeito.

2. Sonic 2

Sonic 2

Sonic 2 é um daqueles casos do sucessor que aprimora todos os aspectos do jogo anterior.

Um número maior de zonas, mais enxutas, com dois atos cada, a possibilidade de iniciar uma corrida já em alta velocidade com o Spin Dash, além da introdução de Miles “Tails” Prower à equipe dos heróis.

Peraí. Miles Prower. Miles per hour? Ganhou ainda mais pontos com o trocadilho infame, Sega!

Sonic 2 só não agarrou o troféu de campeão porque a competição é um tanto injusta. Injusta quanto, você pergunta? Que tal… exatamente duas vezes mais injusta?

1. Sonic 3 & Knuckles

Sonic 3 & Knuckles

O melhor jogo da série, na verdade, são dois. Usando a tecnologia Lock-On, que conecta dois cartuchos, a Sega conseguiu inventar uma espécie de Megazord supersônico, juntando Sonic 3 e Sonic & Knuckles em uma mesma gigantesca aventura.

É impressionante como os dois jogos funcionam bem em sequência. As fases crescem em complexidade, uma por uma, e culminam na batalha mais alucinante da saga contra Robotnik.

O Lock-On ainda pode ser usado com os outros dois Sonic do Mega Drive, destravando Knuckles como personagem jogável em Sonic 2 e abrindo novos mapas no bonus Blue Sphere com Sonic 1.

Outros títulos que merecem menção especial são a sub-série Sonic Advance, Colors e Unleashed. E aí, qual o seu Sonic favorito? Comenta pra nós!

Se quiser espiar a concorrência rapidinho, prepare um Spin Dash e corra ali em Top 9 Jogos do Mario.

Até mais!

Uma Retrospectiva Assustadora de Silent Hill

Silent Hill

Silent Hill foi concebido pela Konami como resposta direta ao sucesso de Resident Evil, sem disfarçar, nem nada. Por competência ímpar dos designers, Silent Hill conseguiu evitar a sina de ficar marcado apenas como cópia do concorrente, encontrando sua identidade e tornando-se mais um gigante do terror de sobrevivência. Nossa primeira Retrospectiva vai resgatar toda a saga de Harry e cia, jogo a jogo.

O terror de sobrevivência é conhecido por elementos como administração de recursos, chaves necessárias para seguir em frente, quebra-cabeças e exploração. O combate também faz parte do pacote, com a ressalva de que os protagonistas em Silent Hill são pessoas comuns, nenhum deles com a proficiência de um membro dos STARS.

A Konami não parece muito disposta a desenvolver novas sequências para a franquia, então o jeito mesmo é reviver o passado, por mais traumatizante que seja. Vamos lá!

Silent Hill (1999)

Silent Hill (1999)

Silent Hill estreou no PS1. Como a maioria dos títulos no início da era 3D, os gráficos não são lá muito realistas, mas neste caso a falta de detalhes ajuda a intensificar o medo. Não ter uma visão clara daquelas criaturas demoníacas e ser obrigado a preencher os espaços com a imaginação as deixa ainda mais assustadoras.

Outra curiosidade sobre os gráficos é que o famoso efeito de névoa nas ruas da cidade surgiu como uma solução para limitações do hardware. Acabou tornando-se marca tradicional da série, mesmo em sistemas mais avançados que poderiam facilmente desenhar o horizonte à distância.

Silent Hill é um jogo aterrorizante graças também à atmosfera opressiva e à trilha sonora de Akira Yamaoka, que trabalham juntas incessantemente para deixar o jogador o menos confortável possível. As transições para a ‘realidade alternativa’ da cidade são um negócio de pesadelo, substituindo paredes e chão por metais enferrujados e arames encharcados de sangue, e o som ambiente por ruídos industriais perturbadores.

A história do primeiro jogo é comandada por Harry Mason, que sofre um acidente de carro numa viagem a Silent Hill e se perde da filha. A partir daí, a trama se enrola e desenrola com a descoberta de uma seita.

Silent Hill 2 (2001)

Silent Hill 2 (2001)

Silent Hill 2 não é uma sequência direta do primeiro jogo, optando por expandir a mitologia da série com novos conceitos e personagens. Sem spoilers, a história aqui toma um rumo mais pessoal.

James Sunderland, protagonista como profissão – olha o manual! –, recebe uma carta arrepiante de sua esposa, que havia falecido três anos antes. Estava esperando seu companheiro justamente em Silent Hill, um dos lugares especiais do casal. Será que Mary estaria viva esse tempo todo?

Silent Hill 2 é o jogo mais popular da série, e com méritos. A trama é maravilhosa, com tantas reviravoltas e detalhes que a gente quer saber mais ainda quando o jogo termina. Isso sem contar os monstros apavorantes, encabeçados (desculpe) por Pyramid Head.

Silent Hill 2 é, sem dúvidas, uma das maiores obras-primas do gênero.}

Silent Hill 3 (2003)

Silent Hill 3 (2003)

O terceiro jogo, este sim, é continuação direta do original.

A protagonista é Heather, uma adolescente com preocupações como qualquer outra, exceto talvez ter que obliterar um exército de monstros horripilantes que saíram do inferno para buscá-la.

A trama retoma pontos não esclarecidos do primeiro jogo, como a esquisitíssima seita.

Um aspecto interessante no enredo é que cada personagem tem sua visão sobre organizações religiosas, com base em suas personalidades e experiências de vida. É uma maneira mais inteligente de explicar a doideira da seita sem bater tanto na tecla ‘vamos ressuscitar um demônio porque sim’. Mas a estrela aqui mesmo é Heather, que carrega o jogo com bom senso e emoções na medida certa.

Contando com avanços importantes na mecânica, Silent Hill 3 é o jogo mais divertido da trilogia. Novidades como bloqueio, suprimentos usados em tempo real e até um silenciador de pistola acrescentam bastante ao valor de estratégia.

Silent Hill 4: The Room (2004)

Silent Hill 4: The Room (2004)

The Room estrela Henry Townshend, que descobriu-se aprisionado em seu próprio apartamento, o Room do título. As janelas estão pregadas, a porta acorrentada, e a única saída aparente é um buraco na parede do banheiro. O buraco leva Henry a ‘mundos’, como o jogo os identifica, que têm relação com alguma outra pessoa que não o protagonista.

No apartamento, o gameplay é em primeira pessoa e num estilo que lembra adventure, de clicar nas coisas para encontrar pistas. É possível espiar as janelas, escutar rádio e tudo que um apê aconchegante oferece.

Já nos mundos, o design é mais próximo aos Silent Hill anteriores, com monstros e exploração.

Silent Hill 4 é uma experiência bizarra. Terror e humor se misturam por acidente, os diálogos são maçantes (“Kill, kill, kill!”) e as fases nem parecem fazer parte do universo Silent Hill.

O jogo também erra totalmente em sua segunda metade, tornando-se uma irritante missão de escolta pelas mesmas áreas que exploramos anteriormente. O spoiler aqui foi um aviso de amigo.

Só falei coisas ruins, né? Mas Silent Hill 4 vale a pena, acredite.

A atmosfera é estranha, de um jeito intrigante, o combate tem seu charme quando aprendemos boas técnicas, e a mitologia da série foi expandida ainda mais.

The Room foi o último jogo desenvolvido por Team Silent, ainda contando com membros das equipes anteriores, e o último jogo que capturou a vibe maluca e sinistra que a série construiu com tanto cuidado.

Silent Hill: Origins (2007)

Silent Hill: Origins (2007)

Essa prequel tem um jeitão meio de fanfic, trazendo personagens de volta apenas pelo prazer de vê-los de novo.

O principal elemento do design em Origins foi emprestado da série Zelda: assim como em Link to the Past, o caminhoneiro Travis Grady consegue pular entre uma realidade e outra da cidade através de espelhos. Na minha opinião, essa habilidade acaba reduzindo o impacto de ser forçado a escapar da dimensão alternativa como parte do tormento.

O jogo é competente, ainda assim, com uma estrutura mais familiar que aquela controversa de The Room. Mas a história… sei não. Fanfiqueiros, uni-vos, me expliquem aí.

Silent Hill: Homecoming (2008)

Silent Hill: Homecoming (2008)

Estreia da série na era da alta definição, Homecoming acompanha o soldado das Forças Especiais Alex Shepherd, que volta para sua cidade natal depois de uma viagem a serviço militar. Quando chega em casa, Alex não encontra seu pai, nem seu irmão caçula. Ixi.

Homecoming não tem tantas novidades, apostando mais no visual HD como trunfo. O combate é voltado para a ação e estratégia, o que faz sentido considerando a ocupação do personagem principal.

A história tem seus momentos, mas passa muito a impressão de querer reeditar as surpresas de Silent Hill 2 a qualquer custo. Homecoming vale mais pelo gameplay reformulado e pelo visú.

Silent Hill: Shattered Memories (2009)

Silent Hill: Shattered Memories (2009)

Shattered Memories foi lançado para o Wii como uma reimaginação do primeiro Silent Hill.

O gameplay foi simplificado, com maior foco em exploração e interações com o Wiimote. Apontar o controle como uma lanterna, girar latas para fazer cair uma chave, esse tipo de coisa. Até que funciona bem.

Entre um segmento de gameplay e outro acontecem sessões de terapia – sério mesmo! – nas quais o jogo traça o seu perfil psicológico através de perguntas pessoais e testes simples de lógica. As consultas são curiosas e podem afetar relações com outros personagens que cruzamos pela cidade amaldiçoada.

Reescrever eventos e personagens queridos nunca soa como uma boa ideia, mas por incrível que pareça, a história em Shattered Memories é uma das melhores da franquia. A mão até coça pra dar um spoilerzinho, mas vou me segurar!

Silent Hill: Downpour (2012)

Silent Hill: Downpour (2012)

Murphy Pendleton é um prisioneiro que se envolve em um acidente de ônibus enquanto é transportado para outro recinto. Adivinha onde o ônibus se acidentou?

Mais uma vez, há uma certa insistência em tentar repetir o impacto da revelação de Silent Hill 2; não que as duas histórias sejam parecidas, mas a fórmula do protagonista amargurado que esconde uma terrível culpa não funciona tão bem quando sabemos que esse é o curso da narrativa.

Silent Hill 2 teve o efeito que teve pois não tínhamos nem ideia de que algo estava por vir, enquanto Homecoming e agora Downpour meio que escancaram suas intenções.

Dito isso, eu curto o jogo.

Downpour volta às raízes da série com mapas grandes da cidade para explorar, e agora introduzindo quests opcionais espalhadas pelas ruas de Silent Hill. Essas quests não influenciam a história em geral, servindo mais pela jornada em si e, ocasionalmente, com recompensas para o gameplay.

A única parte realmente péssima em Downpour é o combate, que dá tanto trabalho que é mais vantajoso sair correndo mesmo.

Há uma espécie de consenso não-oficial de que a qualidade da série começou a despencar a partir do quarto jogo. Eu concordo, mas acredito que todos os Silent Hill valem ao menos uma experiência, ainda que não chegue a ser inesquecível como as três primeiras.

É isso, por enquanto! Bom, tem também o demo P.T., que cobrimos em nossa lista de jogos produzidos por Hideo Kojima, mas infelizmente o projeto nunca foi concluído.

Boo! Assustou? Não? Então passe ali na Análise de Resident Evil 2 Remake que o susto vem.

Até mais!

Top 9 Melhores ROM Hacks

Este é o primeiro Top 9 que já chega com prazo de validade, tamanha a frequência com que novos e memoráveis ROM hacks são lançados, e tantos antigos que ainda não tivemos oportunidade de experimentar.

Os hacks variam de traduções de texto até a total reconstrução de jogos clássicos. Essas modificações, em grande parte ousadas e cheias de imaginação, vieram para celebrar a cena retrô e aprimorar aspectos que não resistiram tão bem ao passar dos anos.

ROM Hacks

Nossa lista vai focar em hacks que renovam o jogo completamente, com design modificado de fases, poderes e outros elementos da experiência que já estejam meio ‘manjados’.

9. Street Fighter II: Rainbow Edition (Arcade)

Street Fighter II: Rainbow Edition (Arcade)

Nada mais justo que começar a lista pelo vovô dos hacks. Se você entrou num fliperama no começo dos anos 90, há boas chances de ter se deparado com uma dessas máquinas alteradas de Street Fighter II.

As mudanças são hilárias, como Hadoken aéreo, Zangief flutuante, troca instantânea de personagem e mais.

O Rainbow Edition é creditado, inclusive, como tendo influência direta na criação de Street Fighter II: Hyper Fighting, que introduziu a velocidade Turbo à série.

8. Metal Sonic Hyperdrive (Genesis)

Metal Sonic Hyperdrive (Genesis)

Este hack do primeiro Sonic para Mega Drive transforma o universo do ouriço azul em um imenso parque de diversões. Ou ao menos essa é a sensação.

As fases são alucinantes e desafiadoras, mas sem aquela coisa de exigir que o jogo inteiro seja memorizado para ter alguma chance de vitória.

O hack conta com vários personagens jogáveis, incluindo Metal Sonic, Kirby – ele mesmo! – e Lone Devil, criação do hacker, que usa sua foice como arma e para auxiliá-lo nos movimentos.

7. Metroid: Rogue Dawn (NES)

Metroid: Rogue Dawn (NES)

Não há como negar que o Metroid original do Nintendinho é um jogo importante, mas que também tem algumas inconveniências difíceis de engolir. Passwords gigantescos, energia baixa demais quando se perde uma vida, etc.

Rogue Dawn corrige esses problemas, incluindo um sistema de save e estações que renovam a energia de… Dawn? Espera, aquela não é Samus?

Na verdade, Rogue Dawn conta uma história nova, com uma protagonista nova, em um planeta diferente e com seu próprio estilo visual. A arte é mergulhada em sombras, e a atmosfera é de um lugar perigoso e assustador.

Se você gosta do Metroid para NES, ou se queria ter gostado mas o achou datado, vale dar uma chance a Rogue Dawn.

6. Rockman CX (NES)

Rockman CX (NES)

Já fica o aviso: a dificuldade deste hack é brutal.

Rockman CX reinventa Mega Man 2, com novos chefes, fases e poderes que só podem ter saído de uma cuca meio perturbada. Achou o comentário cruel? Pois volte aqui depois de lutar contra Cheat Man! O cara tem trapaça no nome, tente só imaginar as coisas que ele apronta…

Mas sério, apesar do desafio muitas vezes injusto, o hack é ótimo.

O valor de estratégia é exatamente o que os fãs de Mega Man mais hardcore procuram, com fases que ficam mais fáceis se certos poderes tiverem sido conquistados, e quase impossíveis na primeira visita.

E dá pra jogar com Quick Man!

5. Mario Adventure (NES)

Mario Adventure (NES)

Um hack completo de Super Mario Bros. 3 que aumenta a dificuldade consideravelmente sem sacrificar a diversão.

Os sete novos mundos são selecionáveis desde o início, e podem ser encarados em qualquer ordem. Todas as fases do jogo terminam com um mini-chefe, e 7 chaves precisam ser encontradas para destravar o mundo final.

Há novos poderes, como a varinha mágica, e itens alterados, como o Fire Flower que faz Mario pular mais alto. O famoso Kuribo Shoe, aquela bota verde engraçada, retorna como um power-up permanente.

O jogo ainda permite carregar um item reserva, tipo em Super Mario World, e salva seu progresso automaticamente, não necessitando warps ou passwords.

Se achar a dificuldade chatinha, sugiro Super Mario Bros. 3-Mix, também de ótima qualidade e com design mais moderno, emprestando elementos de New Super Mario Bros. e Galaxy.

4. Link to the Past + Super Metroid Randomizer (SNES)

Link to the Past + Super Metroid Randomizer (SNES)

Tava em dúvida entre o Randomizer de Link to the Past ou Super Metroid, então decidi pelos dois… juntos!

Este é um Randomizer que literalmente combina os dois clássicos do Super Nintendo em um só. Itens de Super Metroid podem aparecer aleatoriamente em Hyrule, e vice-versa. O jogador transita entre os dois mundos através de salas especiais, coletando armas e expansões que abrem caminhos no imenso labirinto.

A dificuldade é ajustável, e o hack oferece regras (ou ‘lógicas’, na linguagem dos hacks) que garantem certas comodidades. Mas é claro que ajuda estar familiarizado com o layout dos mapas, já que a experiência é praticamente um quebra-cabeça adaptado.

3. Super Mario Star Road (N64)

Super Mario Star Road (N64)

Star Road é perfeito para quem sempre sonhou com uma sequência de Super Mario 64 ainda no Nintendo 64.

O design e a dificuldade escalam mais ou menos na mesma proporção que o original, o conceito de coletar estrelas douradas foi preservado – consegue agarrar as 130? –, e os mundos são totalmente novos e criativos, um deles formado por instrumentos musicais flutuantes.

2. Hyper Metroid (SNES)

Hyper Metroid (SNES)

Já explorou o mapa de Super Metroid tantas vezes que perdeu um pouco a graça? Hyper Metroid oferece um planeta novíssimo, naquele mesmo gameplay viciante de Super.

O mapa é bem planejado e organizado, com opções de rotas, atalhos e possibilidade de quebrar a sequência natural de itens do jogo, algo que fãs de Metroid sempre buscam minuciosamente.

Criado a partir de outro hack, Project Base – recomendo também! –, Hyper traz alterações convenientes na física do jogo, como a habilidade de voltar a girar no ar mesmo depois de ‘quebrar’ o giro com tiros.

Finalmente, Hyper Metroid incorpora ao mundo 2D uma estrutura de objetivos similar à da série Metroid Prime: vários portões espalhados pelo planeta precisam ser encontrados e ativados para ter acesso à area final.

1. Rockman 4 Minus Infinity (NES)

Rockman 4 Minus Infinity (NES)

Sem dúvida, o hack mais ambicioso da série Mega Man. E na minha opinião, o melhor hack de todos os tempos.

Minus Infinity muda tantas coisas em Mega Man 4 que só alguns poucos elementos ainda lembram o original. É essencialmente o seu próprio jogo.

Os poderes que Mega Man adquire em Minus Infinity são exagerados, talvez potentes demais – até fazem o desafio parecer nulo –, mas o hack equilibra bem o design através da distribuição de inimigos e obstáculos, sempre deixando o jogador atento ao próximo passo.

As fases são absurdamente criativas e empolgantes, como a que presta homenagem a Metal Slug. Há referências a outras propriedades como Gradius, Contra e claro, à série Mega Man, com tantas participações especiais que a gente perde a conta.

Minus Infinity é repleto de segredos e easter eggs, incluindo poderes extras escondidos pelas fases, sistema de ranking e modos para destravar.

E o jogo é bem bonzinho com relação ao desafio: é permitido iniciar cada fase com até 9 E-Tanks, 9 vidas e alguns poderes já disponíveis. Em outras palavras, o jogador é quem cria a própria dificuldade.

E você, tem alguma sugestão de mod ou hack que vale dar uma olhada? Manda pra nós!

Se estiver em um clima menos… hackeado, pule ali em Jogos do Mario e confira nosso ranking de títulos do encanador mais acrobático do mundo.
Até mais!

O Legado Paciente de Street Fighter 3

Street Fighter 3

Lançado em 1997 em meio a expectativas estratosféricas, Street Fighter 3 foi considerado um balde de água fria por fãs e crítica, que aguardavam um sucessor mais familiar e acessível para o clássico anterior. Com o passar do tempo e impulsionado por atualizações importantes, Street Fighter 3 finalmente construiu o seu legado, sendo hoje uma das referências no gênero.

Missão impossível

Street Fighter 3 New Generation

Não é tarefa simples substituir o jogo de luta mais popular de todos os tempos. Mesmo 30 anos depois, Street Fighter 2 ainda é o template ideal da categoria, e qualquer jogo que tenta subverter ou criar novos conceitos em cima desse molde precisa fazê-lo de maneira inquestionável.

E Street Fighter 3 já não começou tão bem.

New Generation – subtítulo oficial do terceiro jogo – apostou na reformulação do elenco, abandonando quase toda a geração antecessora de lutadores. Apenas Ryu e Ken voltaram, e originalmente o americano nem teria entrado; só o incluíram pois os designers sentiram que não haviam criado personagens suficientes.

Em um primeiro olhar, os estreantes da vez realmente não tinham o mesmo charme (talvez um pouco estereotipado) de E. Honda, Dhalsim, Chun Li e o resto da lendária turma. No lugar deles entraram Alex, que a Capcom tentou empurrar como novo protagonista – sua imagem até ilustrava a lateral das cabines –, o brasileiro Sean, o boxeador gentleman Dudley e outros novatos que passaram longe de cativar os fãs.

Para piorar a situação, o público no fim dos anos 90 estava mais ligado em jogos de luta acelerados e de maior escala, como X-Men vs. Street Fighter, além de produções 3D cada vez mais enxutas como Soul Calibur e Tekken 3, deixando os fighters de estilo mais convencional no banco de reservas.

Camadas e mais camadas para desvendar

Street Fighter 3 02

Apesar de todas as impressões negativas, ou talvez para contê-las, a Capcom logo decidiu produzir um update do jogo, intitulado Second Impact, com mais alguns personagens e mecânica atualizada.

Um ano depois chegou Third Strike, a versão definitiva de Street Fighter 3, com cinco estreantes e ainda mais retoques.

E foi Third Strike que enfim conquistou a admiração dos gamers, processo que exigiu anos de paciência e estudo das inúmeras camadas do gameplay; em especial, o Parry.

Parry, o novo sistema de defesa em Street Fighter 3, é dos mais difíceis de dominar em jogos de luta. O comando é simples, requer apenas mover o joystick na direção do golpe inimigo, mas a janela que permite a defesa é extremamente rigorosa. Se for bem sucedido, o Parry oferece uma oportunidade de contra-ataque que pode se transformar em um dolorido combo.

A dinâmica das lutas em Street Fighter 3 gira totalmente em torno dessa habilidade, fazendo com que os oponentes observem os movimentos do outro com cuidado e escolham bem o momento de atacar, já que qualquer golpe pode ser defendido.

Por consequência, o ritmo da ação acabou ficando lento e metódico, o que certamente contribuiu para o processo mais arrastado de hype pelo jogo.

Apresentação impecável

Street Fighter 3 03

O audiovisual é mais um aspecto que reflete o curso prolongado até a popularização de Street Fighter 3. Em uma época tomada por polígonos, gráficos desenhados à mão já não recebiam tanta atenção dos desenvolvedores, nem do público.

Mas a arte em Street Fighter 3 é primorosa, com sprites detalhadíssimos e trocentos frames de animação por golpe.

Lembro até hoje de uma revista de jogos que usou a largura de duas páginas abertas para mostrar todos os frames do Hadoken lado a lado.

Já a trilha sonora varia do jazz ao hip hop, contando inclusive com um rap completo na tela de escolha de personagem. Não é uma trilha clássica instantânea como o trabalho de Yoko Shimomura em Street Fighter 2, mas as composições aqui são excelentes.

Comunidade apaixonada

Street Fighter 3 04

O legado de Street Fighter 3 passa pelo carinho e dedicação de sua comunidade hardcore, que organiza torneios com frequência e continua desvendando segredos do gameplay e compartilhando com o público em geral.

O famoso EVO Moment #37, que eternizou o instante mais célebre da história dos torneios de luta, é um exemplo da recompensa do treinamento individual aliado a todo o esforço coletivo para descobrir e evoluir a mecânica de um jogo que, de fato, merecia mais sucesso do que teve em seus três lançamentos.

E que a comunidade continue assim, com esse e outros jogos ainda com tanto potencial para ser revelado!

Tem aí alguma memória do mundo dos jogos que merece destaque? Mande suas sugestões!

Enquanto isso, se ainda estiver no modo pancadaria ativado, dê uma olhada no Top 9 Jogos de Stylish Action, que foram influenciados em boa parte pelo gênero de luta. Ou confira a retrospectiva da série Final Fight, a primeira aparição de Hugo como Andore.

A Nostalgia de The Simpsons (Arcade)

The Simpsons Arcade

Ah, bons tempos! Nossa seção Nostalgia chega com o objetivo de recordar alguns dos momentos e games mais marcantes das primeiras gerações. Na estreia, vamos relembrar a versão Arcade dos Simpsons, um clássico dos fliperamas.

Pedindo licença

The Simpsons é um beat-‘em-up, gênero que era praticamente garantia de sucesso no começo dos anos 90. A Konami é uma das empresas que mais apostaram nesse design, criando jogos clássicos de super-heróis e outras propriedades famosas, como X-Men, Tartarugas Ninja, Batman e este Simpsons.

Transição perfeita

The Simpsons Arcade - Visual

O estilo visual e o humor característico dos Simpsons foram perfeitamente traduzidos para o game, coisa que nem mesmo jogos mais recentes com a licença da franquia – e toda a tecnologia moderna à disposição – têm alcançado.

Maggie usando um diamante como chupeta, as expressões exageradas dos personagens, a paleta colorida servindo como ‘isca’ para tantos eventos hilários que conquistaram crianças e adultos; essa é a essência dos Simpsons, capturada com maestria pelos desenvolvedores.

Mais impressionante ainda é que a equipe de designers realizou esse feito tendo apenas a primeira temporada da série como referência, no máximo parte da segunda. Acertar o tom assim na mosca não é tarefa fácil, muito menos com um material ainda tão limitado.

The Simpsons Arcade - Visual 02

As fases retratam cenários conhecidos do cartoon, como as ruas de Springfield e a usina elétrica, mas também encontram espaço para inovar.

Um dos estágios se passa inteiramente em um pesadelo dos protagonistas, enquanto o estúdio de tevê abriga os mais malucos sets de filmagem. Os ambientes são detalhados, com objetos interativos e pequenas histórias sendo contadas, como o urso que escapa do parque de diversões e aparece como chefe na floresta.

Na fase do sonho, o nome de Maggie literalmente cai do céu e podemos pegar cada uma das letras e jogá-las nos inimigos.

Mecânica acessível, talvez um pouco demais

The Simpsons Arcade - Mecânica

Nem tudo são rosas, ou amarelos, infelizmente.

The Simpsons Arcade sofre com a mesma fragilidade de grande parte das produções da Konami no gênero: o combate é bem basicão, não oferecendo tanto em termos de aprendizado ou domínio.

São dois comandos, pulo e soco, e um ataque especial, e os quatro personagens possuem as mesmíssimas habilidades. Se as fases do jogo são repletas de objetos e detalhes, o mesmo não pode ser dito sobre os inimigos, que quase não permitem interações.

O computador às vezes também precisa ‘deixar’ a gente acertá-lo, meio que aleatoriamente, sem uma estratégia aparente para estudar. Comparado com jogos lançados na mesma época ou até antes, tipo Final Fight e Streets of Rage, o game acaba deixando um pouco a desejar nesse aspecto.

Por outro lado, o sistema de gameplay aqui é bastante acessível e não exige horas de aprendizado, o que certamente facilita na hora de sugar nossas moedinhas.

Único até hoje

The Simpsons Arcade - Visual 03

Mesmo com essas falhas, The Simpsons é um dos exemplos mais bem sucedidos de uso de licença por trazer a série para o mundo dos games com fidelidade ímpar e, é claro, muita diversão em formato de porrada.

É uma pena, olhando para trás agora, que mesmo com mais de 30 anos de episódios da série e histórias potenciais, os games não chegaram ao nível de cuidado com a franquia como a Konami fez lá em 1991.

Fique ligado para mais memórias, e não esqueça de enviar suas sugestões!

Super Mario Bros. 3 vs. Super Mario World

Super Mario Bros. 3 vs. Super Mario World

Bem-vindos à série Versus! Em nossa primeira disputa, vamos examinar as diferenças entre duas obras-primas do gênero plataforma: Super Mario Bros. 3 (NES) e seu sucessor, Super Mario World (SNES).

A ideia aqui é simples: comparar dois jogos, duas franquias, duas coisas quaisquer relacionadas ao mundo dos games – geralmente com alguma conexão entre si.

Serão brevemente analisadas as seguintes categorias:

  1. Mecânica: as principais interações entre jogador e jogo
  2. Estrutura: como os objetivos e as fases são distribuídos
  3. Variedade de conteúdo
  4. Desafio
  5. Audiovisual: arte, música, detalhes de apresentação
  6. Conclusão

Ao final de cada categoria será declarado um vencedor, e claro, na conclusão final teremos um campeão de fato. Bem… de fato é força de expressão.

Assim como a nossa série Top 9, o propósito em Versus é fazer uma comparação divertida, apesar de sempre tentarmos baseá-la em aspectos concretos. Eu mesmo já mudei de opinião sobre Super Mario Bros. 3 e World vez ou outra. Será que teremos uma sequência desse confronto algum dia? Bem, vamos ver como eles se saem por enquanto!

1. Mecânica

Mecânica - Super Mario Bros. 3 vs. Super Mario World

Os fãs mais parciais a Super Mario Bros. 3 costumam argumentar que a mecânica de Super Mario World é muito permissiva. Não é mentira: a física do jogo é leniente, e os itens são poderosos demais.

A capa, especialmente, interage com quase todos os elementos na tela com prioridade total ao jogador, e pode ser usada para voar por cima de várias fases sem um grande conhecimento da mecânica.

Ainda assim, eu prefiro o controle impecável, o movimento suave e todas as novidades no gameplay de World, como chutar itens para cima, Yoshi, a capa, é claro, e o pulo giratório.

Não acho coincidência o fato de a maioria dos hacks da série ter Super Mario World como base: a mecânica do jogo é fácil de pegar o jeito, mas difícil e gratificante para quem quer dominá-la com técnicas mais avançadas.

Vencedor: Super Mario World

2. Estrutura

Estrutura - Super Mario Bros. 3 vs. Super Mario World

Super Mario Bros. 3 introduziu à série a estrutura de mapas, com fases distribuídas por um tabuleiro temático para cada mundo. Os mapas são quase um jogo por si só, com mini-games, obstáculos e itens exclusivos.

Mario 3 também continua com o sistema de warps, já conhecido dos games anteriores, agora no formato de flautas escondidas em certas fases. Um simples toque de flauta (reconhecem o tema?) o leva para um dos mundos futuros de sua escolha.

Na minha opinião, Super Mario World aprimorou todos os conceitos mencionados no parágrafo anterior, e ainda fez mais.

O mapa em Super Mario World é do game inteiro, e está sempre disponível para o jogador. As fases podem ser revisitadas, e há múltiplas rotas possíveis para atravessar os reinos, incluindo um ‘warp orgânico’ que o leva a fases avançadas sem a necessidade de ignorar completamente as anteriores.

World também apresentou o sistema de save, que permite gravar o progresso na bateria do cartucho ao invés de prender o jogador em uma só sessão do início ao fim.

Finalmente, Super Mario World trouxe uma das novidades mais inovadoras do gênero: as famosas 96 saídas. Várias fases em World possuem mais de um ponto final, alguns bem escondidos, e grande parte do valor de rejogabilidade do game está nessa busca pelo 100%.

A estrutura de World foi o que determinou sua colocação em nosso Top 9 Jogos de Super Mario.

Vencedor: Super Mario World

3. Variedade

Variedade - Super Mario Bros. 3 vs. Super Mario World

Ponto fácil para Super Mario Bros. 3. Mais tipos de itens, das três roupas especiais à bota de Kuribo. Mais interatividade nos mapas, com card games, Hammer Bros., caixinhas de música, casas Toad e o inventário.

Maior diversidade nos temas dos mundos (reino gigante!) e no design das fases também.

Super Mario World é excelente em sua proposta, mas Mario 3 simplesmente oferece mais.

Vencedor: Super Mario Bros. 3

4. Desafio

Desafio - Super Mario Bros. 3 vs. Super Mario World

Não que Super Mario Bros. 3 seja um Battletoads da vida, mas a apatia no desafio de Super Mario World é notável.

A física do game, a poderosa capa e Yoshi são recursos bastante favoráveis ao jogador, e as fases raramente representam grandes ameaças.

O mundo Special é um obstáculo um pouco maior, bem como a busca pelas 96 saídas, mas tendo a capa e Yoshi à disposição para literalmente passar por cima das fases, chegar ao topo da montanha em Super Mario World é uma conquista com bem menos pedras pelo caminho.

Super Mario Bros. 3 constrói o desafio com mais fluidez e naturalidade, em uma crescente, a cada novo mundo descoberto.

Assim como não acho coincidência o fato de a maioria dos hacks de Mario usar World como base, esses hacks também são muitas vezes feitos para quem gostaria que o game tivesse um nível de dificuldade maior.

Uma dica de desafio para Super Mario World: tente zerar o jogo só com o Mario baixinho, sem a ajuda de Yoshi! É bem divertido, e a gente acaba conhecendo melhor várias fases que normalmente ‘pularíamos’ com acesso ao arsenal completo.

Vencedor: Super Mario Bros. 3

5. Audiovisual

Audiovisual - Super Mario Bros. 3 vs. Super Mario World

Eu sempre preferi o estilo visual alegre e colorido de Super Mario World à arte mais tradicional de Mario 3.

O embate pode não ser 100% justo nesta categoria, considerando o abismo técnico entre uma geração e outra, mas mesmo comparando World ao remake 16-bit da trilogia original, Super Mario All-Stars, eu vejo uma diferença de personalidade perceptível: as poses de Mario (e Luigi, quase esqueci!), as animações e expressões dos inimigos, os cenários, as ceninhas pós-castelo.

Já no setor musical, na minha visão (audição?), Super Mario Bros. 3 leva uma bela vantagem. A trilha de World é boa, mas convenhamos, há uma certa preguiça criativa nessa insistência de remixar o tema principal para cada arquétipo de fase.

Vencedor: empate!

6. Conclusão

2,5 x 2,5. Vamos pra prorrogação? Sem pênaltis, pelo bem da nossa saúde…

Bom, um empate assim é até meio que esperado pela qualidade espetacular dos games. São dois dos mais respeitados jogos de todos os tempos, afinal de contas.

O desempate vai ser uma coisa quase simbólica, mais pela minha experiência pessoal.

Nos últimos tempos, eu tenho jogado Super Mario World com mais frequência que Mario 3. Em parte pela mecânica, que considero mais envolvente, e pela estrutura, que permite diversos estilos únicos de jogo: 96 saídas, warps (com um ritmo melhor que a mesma categoria em Mario 3, repleta de auto-scrollers cansativos), Mario baixinho, rotas alternativas, mundo Special o quanto antes, Dragon Coins, entre outros.

Vencedor: Super Mario World

E aí, gostaram desse formato? Fique ligado para mais confrontos, e mande suas sugestões de batalhas também!

Top 9 Games de Stylish Action

Games Stylish Action

Desde o lançamento do game Devil May Cry, em 2001, foram incontáveis as sugestões para batizar o Stylish Action, este empolgante sub-gênero de ação, que até hoje não possui um nome oficial.

Jogos de combate profundo? Parece raso demais, ironicamente. ‘Ação de personagem’, como diversas publicações chamam hoje em dia?

Bem, pra não corrermos o risco de explodir a cuca pensando demais nisso, vamos usar o termo ‘ação estilosa’, ou Stylish Action, que alguns dos criadores dessas séries já utilizaram no passado.

Os jogos de Stylish Action variam bastante em tom e mecânica, mas geralmente têm em comum uma quase-obsessão por estilo e pose. A série Devil May Cry, por exemplo, baseia toda a profundidade do combate em um conceito chamado Style, no qual a variação dos golpes vale mais pontos do que a repetição.

O gênero também é conhecido pelo desafio. Nossa performance nesses games é julgada por um sistema de ranking criterioso que, atingidas as metas, nos recompensa com itens e moeda para gastar nas lojas dentro do jogo. O combate é exigente, mas calibrado na medida para que o jogador perceba uma evolução em cada tentativa.

Jogos de stylish action

Talvez até inspirado em seus próprios sistemas de ranking, o Stylish Action tem evoluído há quase duas décadas, com alguns dos games mais inesquecíveis das gerações recentes.

Será que o seu favorito entrou na lista?

Vamos lá!

9. Metal Gear Rising: Revengeance

Metal Gear Rising: Revengeance

Desenvolvido pela Platinum Games, empresa formada por veteranos do Stylish Action, este Metal Gear deixa o tradicional stealth de lado em favor de um sistema de combate acelerado e técnico.

Raiden, no papel principal pela primeira vez desde Metal Gear Solid 2, até chegou a empunhar uma espada em sua participação anterior, mas não podia ser controlado com a destreza e a agilidade que imaginamos em um ninja. Metal Gear Rising preenche bem essa lacuna.

O jogo não é tão cheio de segredos e detalhes como outros Metal Gear, mas dentro do contexto do Stylish Action, a experiência é ótima.

Os inimigos são desafiadores, as set pieces são bem trabalhadas, o ritmo da ação é intenso, e claro, correr pra lá e pra cá cortando robôs no meio com uma katana é divertido demais.

8. Devil May Cry 5

Devil May Cry 5

Dante, Nero e V, este último o mais novo personagem central da franquia, se unem contra a ameaça do temido Urizen. O vilão espalhou raízes de uma árvore demoníaca pelo mundo moderno, a fim de gerar uma fruta proibida com poderes inimagináveis. Isso porque o cara já é um demônio.

A trama é cheia de reviravoltas e referências aos eventos de Devil May Cry 1 a 4, abandonando de vez o reboot grafiteiro de DmC.

O jogo mais recente da série também tem a mecânica mais refinada. Dante e Nero são tão familiares e aperfeiçoados que a gente sente como se estivesse reencontrando velhos amigos.

Nero ganha tipos diferentes de Devil Breakers, modelos descartáveis para seu braço de Dhalsim, e Dante desperta um nível de fúria infernal nunca visto com o Sin Devil Trigger.

Já V, que divide o papel de protagonista com os outros demo-heróis, estreia com seu próprio estilo de luta. Debilitado, ele não consegue atingir inimigos diretamente, optando por comandar criaturas que façam o estrago por ele: Shadow, a pantera do primeiro Devil May Cry, e Griffon e Nightmare, em versões compactas dos monstros do mesmo jogo.

V não passa nem perto da complexidade de Dante e Nero, e a impressão que fica é de que martelar os botões à distância com ele é mais eficiente que qualquer método mais cauteloso.

Ao menos seu combate não é forçado com tanta frequência, e os outros dois personagens são tão sensacionais que V não chega a comprometer a qualidade do jogo tanto assim.

7. Bayonetta

Bayonetta

Hideki Kamiya tem cadeira cativa em qualquer discussão sobre Stylish Action – afinal de contas, ele é o grande visionário do gênero.

Seu histórico na ação de estilo começou em 2001 com Devil May Cry, deu um tempo na terceira dimensão com Viewtiful Joe, e finalmente atingiu o ápice em Bayonetta, que narra uma guerra milenar entre bruxas e anjos. Os anjos, no caso, são os vilões.

Não por coincidência, o tema central de Bayonetta é justamente o clímax. Toda a estética do combate gira em torno desse conceito de lutar até o extremo, desde a métrica de impacto dos golpes (100 gigaton!) até as sequências de finalização dos chefes, nas quais a protagonista assume formas monstruosas e mastiga os coitados até a morte.

Bayonetta ainda introduz uma mecânica interessante de desvio de golpes chamada Witch Time. Com o timing correto, ao evitar um ataque, Bayonetta reduz o fluxo de tempo por alguns instantes, permitindo contra-atacar o inimigo com dano ampliado.

Fiquei na dúvida entre o Bayonetta original ou a sequência para este Top 9. Ambos são excelentes e mais polidos que o outro em aspectos diferentes.

O combate do primeiro é um pouco mais equilibrado, ao passo que o design das fases no segundo é mais focado e não perde tanto tempo com mini-games supérfluos. No geral, porém, os dois jogos são parecidos demais, e seria bacana dar uma oportunidade para outras séries aparecerem na lista.

Vamos então de Bayo 1, só pra não ficar em cima do muro, mesmo.
Tá decidido, Bayo 1.

… acho!

6. Viewtiful Joe

Viewtiful Joe

A lista de Games Retrô de Super-Heróis foi o primeiro artigo Top 9 do Gameverso, e é a segunda vez que Viewtiful Joe aparece entre os listados. Que canseira. Eu já estava aqui planejando lançar Top 9 Heróis que Vestem Vermelho e Usam Lenço Rosa na próxima, mas talvez seja melhor esperar um pouco…

Durante um encontro no cinema, Joe e sua namorada Silvia são subitamente transportados para dentro da tela, onde são obrigados a viver a aventura do filme. Por sorte, logo de cara, Joe encontra o herói do filme, que empresta superpoderes cinematográficos para ajudar o garoto em sua missão.

Viewtiful Joe pode ser considerado um beat-‘em-up, como na lista anterior, mas é também um primoroso exemplo do Stylish Action.

O sistema de combos e a mecânica VFX oferecem o tipo de nuance que os fãs do gênero procuram, enquanto a distribuição de upgrades e a hierarquia de inimigos são praticamente cópias em papel-carbono do primeiro Devil May Cry. Dante até surge na versão PS2 de Viewtiful Joe como um dos personagens extras.

5. God Hand

God Hand

Um dos jogos mais malucos já lançados por uma produtora gigante como a Capcom, God Hand vai do combate técnico ao humor nonsense em um piscar de olhos.

“Difícil, mas justo” era a tagline de um dos trailers na época, que mostrava vários personagens dançando enquanto Gene, o protagonista, batia e apanhava com o mesmo sorriso no rosto. Oi?

God Hand é cria da mente inspirada de Shinji Mikami, pai da série Resident Evil. A mecânica lembra um beat-‘em-up, só que 3D, só que sei lá. O jogo é indescritível mesmo.

God Hand utiliza o engine de Resident Evil 4, e empresta alguns conceitos da obra-prima do terror: controle de tanque, inimigos ranqueados, golpes de contexto, e até uma versão própria das Plagas, que saem dos capangas em forma de demônios ainda mais cruéis.

A customização é o ponto alto do gameplay aqui, com centenas de golpes que podem ser encaixados no combo principal ou em qualquer outro comando pré-determinado.

O combate em God Hand exige dedicação e, acima de tudo, paciência, mas é um dos mais gratificantes do gênero, com feedback impecável e camadas infindáveis de conhecimento para quem estiver disposto a descobri-las.

O jogo também possui um casino com corridas de chihuahua.

Enfim.

4. Ninja Gaiden Black ou Sigma

Ninja Gaiden Black ou Sigma

Ninja Gaiden é um dos casos mais bem sucedidos de passagem 2D para 3D na indústria dos games. O primeiro jogo da fase poligonal da série honrou bem o legado 8-bit, resgatando a ação constante e a dificuldade brutal que traumatizaram tanta gente na época do Nintendinho.

Ao mesmo tempo, o novo game revigorou a energia da franquia com elementos de design mais modernos e um sistema de combate mais envolvente.

Ninja Gaiden Black é considerada a edição definitiva do game para Xbox, trazendo correções e atualizações importantes como controle manual de câmera. Poucos anos depois, um remaster em HD foi lançado para o PS3: Ninja Gaiden Sigma.

Sigma tem algumas novidades interessantes, em especial os gráficos retocados e Rachel como personagem jogável. As duas versões são excelentes.

3. Devil May Cry

Devil May Cry

O “vovô” da ação de estilo não oferece um sistema de combate tão rico quanto o de gerações sucessoras, mas ainda é um jogo importantíssimo, e segue com algumas vantagens interessantes sobre a competição.

O design dos inimigos e chefes continua brilhante, com tantos ataques e variações que é possível enfrentar um monstro duas vezes, nas mesmas condições, e testemunhar comportamentos totalmente distintos.

Vários inimigos possuem pontos fracos com chance de dano crítico, e as fraquezas dos monstros em geral são bem distribuídas para as habilidades de Dante. Todos os golpes são úteis.

O jogo também se beneficia por ter sido lançado em uma espécie de dimensão transitória entre Resident Evil e o estilo estabelecido em Devil May Cry 3.

A história é conhecida: Devil May Cry foi originalmente concebido como uma sequência da série de zumbis, mas os produtores entenderam que haviam encontrado uma identidade própria nesse novo conceito, e daí nasceu o Stylish Action.

A parte de exploração em DMC1 lembra demais Resident Evil, desde o grandioso cenário do castelo até a ambientação, que cria uma atmosfera de mistério e imersão nunca mais vista no gênero.

O jogador acaba se familiarizando bem com o layout do castelo, onde portas se encontram frequentemente trancadas e é necessário ir e voltar com chaves para abrir novos caminhos. Dante também comenta qualquer objeto notável no cenário, algo que nem mesmo jogos de terror recentes fazem mais.

Certos aspectos em Devil May Cry não envelheceram bem, é verdade, com destaque negativo para a câmera fixa – outra herança de Resident Evil –, que muitas vezes não permite a melhor visibilidade durante lutas mais frenéticas.

A curva de aprendizado também não é ideal, com picos inesperados de dificuldade e um sistema de ‘continue’ um tanto impiedoso. Mesmo assim, e especialmente considerando toda a evolução do Stylish Action desde a sua origem, a qualidade do precursor do gênero ainda impressiona.

2. Ninja Gaiden II (Xbox 360)

Ninja Gaiden II (Xbox 360)

Ryu Hayabusa está de volta em sua aventura mais visceral e sangrenta desde o seu nascimento na era 8-bit. A história tem alguma coisa a ver com vingança e demônios e uma espada. Alguém aí prestou atenção?

O combate é visivelmente aprimorado em relação ao game anterior. A colisão com os inimigos agora é mais favorável ao jogador, o controle responde melhor, e Ryu tem acesso a uma seleção maior de ferramentas para causar toda a destruição possível no mundo demoníaco do… Japão feudal? Eu realmente não prestei muita atenção na história.

O ritmo da ação é alucinante, e muito disso se deve ao número inacreditável de inimigos que podem aparecer de uma vez na tela. O fps do jogo sofre até de um jeito meio cômico com tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo.

Para balancear um pouco esse caos, os inimigos em Ninja Gaiden II geralmente morrem com poucos golpes. Braços, pernas e cabeças são decepados e rasgados o tempo todo, como se fossem de papel.

Um ano depois do seu lançamento, NG2 foi repaginado para o PlayStation 3 como Ninja Gaiden Sigma 2. Eu acho a versão Xbox superior, com mais inimigos, mais estratégia, mais sangue e valores de dano mais equilibrados. Dito isso, se a versão Sigma for a única disponível aí pelas redondezas, ainda vale a pena.

1. Devil May Cry 3: Special Edition

Devil May Cry 3: Special Edition

Mesmo com a fundação sólida construída no primeiro Devil May Cry, a franquia só foi estabelecer sua identidade de gameplay no terceiro jogo.

A nova mecânica, chamada Style, abraça completamente a ideia de que a variedade dos combos é mais valiosa que a repetição.

Um golpe forte usado trocentas vezes pode até ser eficiente para derrotar o inimigo, mas a barra Style está sempre de olho na diversidade dos golpes, e isso reflete diretamente no ranking final de cada missão.

E não é como se o game forçasse o jogador a alternar dois golpes e só: o número de possibilidades aqui é surreal, com cinco armas melee, cinco de projétil, e seis estilos de luta que modificam e acrescentam habilidades ao repertório de Dante.

Trickster, por exemplo, aumenta a agilidade do herói com técnicas avançadas de movimento, enquanto Royalguard nos ensina a bloquear ataques com o timing correto para anular o dano.

A história do jogo, intitulada Dante’s Awakening, é surpreendentemente eficaz para os padrões do gênero, com personagens bem desenvolvidos, estrutura organizada e eventos memoráveis que expandem a mitologia da franquia.

A versão Special Edition de Devil May Cry 3, lançada em 2006, ainda inclui Vergil como personagem jogável e outras novidades bem-vindas como o modo extra Bloody Palace.

Na minha visão, qualquer integrante dessa lista poderia ser considerado o melhor da categoria. Além disso, listas de Top X são limitadas por definição, e é uma pena não podermos analisar a capacidade Stylish de outros clássicos como No More Heroes e Vanquish.

Quem sabe na próxima, até porque a minha ideia de Top 9 Heróis que Vestem Vermelho e Usam Lenço Rosa não vai rolar mesmo…

Até mais!

Top 9 Games Retrô de Super-Heróis

Games Retrô de Super-Heróis

Nosso primeiro Top 9 vai destacar os melhores games retrô protagonizados por super-heróis. Os super-heróis vêm dominando o universo do entretenimento há algumas décadas, graças especialmente ao estrondoso sucesso das propriedades Marvel e DC no cinema.

Antes da era HD, os heróis também costumavam aparecer nos games com frequência, mais enraizados em suas origens dos quadrinhos – ou versões em desenho animado que vez ou outra ficavam em evidência. Será que o seu herói favorito arrumou um lugar na lista?

Bora!

Games antigos de super-heróis

Só um mini esclarecimento: como tantos outros artigos de lista na internet, a ideia aqui é divertir sem levar isso tão a sério! Cada pessoa tem a sua experiência e sua própria escala de avaliação, e é claro que lista nenhuma vai bater 100% com o gosto do outro.

Além disso, eu sempre procuro incluir o máximo de variedade possível nas listas, então não se surpreenda se tal série aparecer com poucos representantes.

9. Mighty Morphin Power Rangers: The Fighting Edition

Mighty Morphin Power Rangers: The Fighting Edition

O primeiro jogo da lista não faz muito mais que o feijão com arroz, mas merece espaço por ter sido uma grata surpresa para os fãs dos Power Rangers originais.

Desenvolvida pela Natsume, empresa conhecida por games com apresentação vibrante e mecânica criativa, esta versão de Power Rangers coloca os gigantes robôs Megazord para lutar contra alguns dos vilões mais marcantes da série.

Não que o jogo tenha qualquer intenção de bater de frente com Street Fighter 2 nem nada do tipo, mas a mecânica é sólida o bastante, os personagens são variados, e há até uma barra especial que fortalece os golpes se o comando for ativado com o timing certo.

The Fighting Edition não só fez jus à marca Power Rangers como também serviu como base para outra joia licenciada da Natsume, Gundam Wing: Endless Duel.

8. Spider-Man & Venom: Maximum Carnage

Spider-Man & Venom: Maximum Carnage

Não importa o contexto em que Max Carnage seja recomendado, é sempre necessário acrescentar um pequeno aviso: a dificuldade deste beat-‘em-up é brutal, injusta, enfurecedora ou qualquer outro adjetivo que você consiga pensar antes de ter sua cabeça esmagada por um super-vilão aqui.

Os chefes lêem seus movimentos, enquanto os protagonistas quase não têm prioridade de colisão contra ataques inimigos. Esta é, com certeza, uma daquelas experiências em que a gente deve entrar esperando uma certa dose de frustração.

Bem, com isso fora do caminho…
… o jogo é bem divertido. Spider-Man e Venom possuem uma variedade de poderes com pesos e valores únicos para cada personagem, e passam por rotas separadas até o confronto final com Carnage.

A ação é complementada por efeitos de onomatopéia típicos dos quadrinhos (SOC!), e uma das trilhas sonoras mais inspiradas da era 16-bit, composta pela banda de rock Green Jellÿ.

7. Teenage Mutant Ninja Turtles III: The Manhattan Project

Teenage Mutant Ninja Turtles III: The Manhattan Project

Às vezes a gente esquece que as Tartarugas Ninja também são super-heróis, né? Elas surgiram nos quadrinhos, inclusive, lá na década de 80. Parece que foi ontem…
… oi? Só acontece comigo mesmo? Ah, esquece. *inserir emoji de senhor*

Em TMNT 3, as férias das Tartarugas são interrompidas por mais um esquema maligno do Destruidor, que pretende transformar a região de Manhattan em uma ilha flutuante, e… fazer alguma coisa com isso.

A pancadaria começa já no meio do descanso dos heróis, que são atacados ali mesmo na praia pelo Foot Clan.

The Manhattan Project é um beat-‘em-up clássico, como o seu antecessor, e traz novidades bem-vindas como o golpe de alavanca e um especial exclusivo para cada Tartaruga.

O jogo tem seus problemas de ritmo e distribuição de inimigos, mas é uma ótima sequência com uma trilha sonora rica e inesquecível.

Jake Kaufman, compositor de games como Shovel Knight e Shantae, considera a música de TMNT 3 como uma de suas principais influências. Legal ver esse tipo de reconhecimento por um projeto tão antigo.

6. X-Men: Mutant Apocalypse

X-Men: Mutant Apocalypse

Surfando na onda da licença Marvel, a Capcom resolveu apostar em X-Men: Mutant Apocalypse, jogo exclusivo para o SNES que surpreende com uma mistura de gêneros: plataforma, beat-‘em-up e um toque de Street Fighter nos comandos dos heróis. Wolverine, Psylocke, Gambit, Cyclops e Beast enfrentam a ameaça de Apocalypse, inicialmente em cinco fases confeccionadas para as habilidades de cada mutante.

Os protagonistas e seus poderes são bem representados, como o Fera, que consegue caminhar tranquilamente de ponta-cabeça nos tetos e embaixo das plataformas.

Há também uma ‘meia-sequência’ de Mutant Apocalypse chamada Marvel Super Heroes: War of the Gems.

O design desse último não é tão bem encaixado quanto o de X-Men, mas o jogo tem ideias interessantes, como a possibilidade de usar qualquer herói desde as primeiras fases e obter as disputadíssimas Jóias do Infinito.

Eu curto os dois, mas Mutant Apocalypse é um pouco mais bem apessoado, como se diz por aí.

5. Batman Returns (SNES)

Batman Returns (SNES)

Mais um beat-‘em-up da Konami, com controle e feedback excepcionais.

Todos os golpes à disposição de Batman são úteis e respondem bem, as interações com os inimigos são divertidas (cabeça x cabeça!), e o design de som é tão fantástico que a gente sente o impacto até do soco mais fraquinho.

É um contraste evidente com Final Fight 2 e 3, por exemplo, que são bons jogos, mas nos quais o feedback dos golpes soa abafado demais.

Uma pena que os segmentos em plano ‘chapado’ e do Batmóvel são tão claramente menos elaborados que a porradaria tradicional.

Mas no geral, Batman Returns é um dos melhores exemplos de uso de licença em qualquer geração de games.

A história e a apresentação são fiéis ao material de origem – no caso, o filme –, e é palpável também o esforço da Konami para que esse projeto não caísse no marasmo de tantas outras propriedades licenciadas que não oferecem nada além do mínimo.

4. Marvel vs. Capcom 2

Marvel vs. Capcom 2

A série Versus atinge o ápice do caos com Marvel vs. Capcom 2, um dos jogos mais populares do gênero.

Todos os lutadores da série retornam, desde a origem da fórmula em X-Men: Children of the Atom, e se juntam a alguns novos integrantes para lutas com três (!) personagens por equipe.

A ação é absolutamente maluca, com heróis entrando e saindo da tela a cada segundo, combos gigantescos e um poder mais impossível que o outro. Se por algum acaso você já se perguntou quem sairia vitorioso em uma luta entre Jill Valentine e Venom, a resposta está aqui, incrivelmente.

O destaque – positivo ou não, dependendo da sua tolerância – fica por conta da trilha sonora, um jazz que quer te levar para um passeio, quer te levar para um passeio, quer te lev…

3. Viewtiful Joe

Viewtiful Joe

Os desenvolvedores de games também são loucos por super-heróis, e não há exemplo mais claro disso que Viewtiful Joe. Idealizado por Hideki Kamiya, criador da série Devil May Cry, Viewtiful Joe nos faz embarcar em uma aventura de proporções, vamos dizer, cinematográficas.

O jogo possui um conceito viciante que o torna diferenciado até hoje: a habilidade de acelerar ou desacelerar o tempo, como em uma sala de edição de filme.

Todos os golpes e inimigos são influenciados por essa mecânica, e o desafio do game consegue acertar o ponto ideal entre a descoberta livre dos efeitos de tempo e o design mais direcionado em cada fase.

Henshin A Go Go, Baby!

2. Batman: The Video Game (NES)

Batman: The Video Game (NES)

Talvez o primeiro grande jogo baseado em um filme, Batman: The Video Game segue a história da obra de 1989 de Tim Burton, usando até mesmo as imagens dos atores principais em algumas cenas.

Logo de cara, porém, o game abandona qualquer semblante de trama para mergulhar na ação pura. Batman parte em busca de Vicki Vale equipado com seu cinto de utilidades e, mais importante, socos.

Sério, o Batman soca a galera aqui com tanta fúria que talvez nem teria sido necessário trazer outras armas.

As fases são construídas cuidadosamente, com impecável equilíbrio entre inimigos e plataformas, e o desafio não chega a ser irritante.

A apresentação visual e de som do game continua fenomenal até hoje, com efeitos de sombra e animação de tirar o fôlego, e a trilha no inconfundível estilo 8-bit da Sunsoft.

Também foram produzidas versões do jogo para Genesis e Game Boy, mas essas não chegam perto do irmão mais famoso no Nintendinho.

1. Teenage Mutant Ninja Turtles IV: Turtles in Time

Teenage Mutant Ninja Turtles IV: Turtles in Time

Cowabunga!

Turtles in Time é, sem dúvida, o game mais essencial e icônico da franquia TMNT. Os quatro heróis possuem diferenças mais notáveis em relação aos jogos anteriores, os golpes são extremamente divertidos (quem não curte arremessar o inimigo em direção à tela da tevê?), e o ritmo da ação é tão frenético que não tem como enjoar das lutas.

As fases variam bem dentro do tema de viagens no tempo.

Destruidor, estraga-prazeres como sempre, decide banir as Tartarugas do presente, enviando-as de cavernas pré-históricas até o clímax em uma base espacial futurística.

O jogo ainda conta com a qualidade de som e visual que só a Konami dos anos 90 poderia realizar.

Além de ser uma obra-prima do gênero, Turtles in Time também se destaca como um dos melhores games de super-heróis da era retrô.

Bem, então é isso! Muitos clássicos ficaram de fora, infelizmente, como a versão original de TMNT para arcade. Mas acredito que essa lista conseguiu trazer um pouco do melhor dos super-heróis nos games antes da era HD. Conforme novos (e “novos velhos”) jogos forem descobertos, podemos eventualmente atualizar a lista.

Se quiser ler mais sobre um super-herói do universo dos games, veja a nossa retrospectiva sobre a série Mega Man X!

Até a próxima!

Resident Evil 2 Remake e sua Renovação Inventiva

Resident Evil 2

Vinte anos depois de assombrar uma geração inteira com Resident Evil 2, a desenvolvedora Capcom atendeu aos pedidos dos fãs e reimaginou o clássico do terror de sobrevivência. Mais atualizado e intenso, Resident Evil 2 Remake certamente não supera a versão original em todas as métricas, mas consegue encontrar sua própria identidade – em parte, graças a uma junção inteligente do survival horror clássico com a jogabilidade moderna popularizada em Resident Evil 4.

Neste artigo você vai conferir minhas impressões sobre os seguintes aspectos de Resident Evil 2 Remake:

  1. História
  2. Comparação de design e mecânica do RE2 antigo vs. remake
  3. Sistema de cenários
  4. Desafio
  5. Análise de rejogabilidade
  6. Apresentação visual e design de som

Resident Evil 2 Remake analisado da cabeça decapitada aos pés ensanguentados

A ideia nas minhas análises é sempre tentar passar o máximo de tempo possível com o game, avaliando todos (ou quase) os modos de jogo disponíveis. Será que o que vale a pena em Resident Evil 2 Remake está na história principal, ou será que há um peso equivalente no conteúdo extra? Este é o tipo de game que recompensa bem a prática do combate e incentiva sessões futuras?

Vamos lá!

1. História quase toda conhecida

Após os eventos ocorridos na mansão Arklay, no primeiro Resident Evil, a epidemia do T-Virus se espalhou pelas ruas de Raccoon City.

Leon S. Kennedy, um policial novato, encontra Claire Redfield, irmã de um dos protagonistas da primeira aventura, no meio do caos. Os dois unem forças e decidem procurar abrigo na delegacia, onde aparentemente seria mais seguro.

A trama de Resident Evil 2 Remake é a mesma do original, mas boa parte dos diálogos e personagens foi reinventada. Ada Wong é apresentada como oficial do FBI, e Kendo agora tem muito mais a perder do que sua loja de armas.

A narrativa de Resident Evil 2 nunca foi digna de prêmios nem nada do tipo, mas cumpria bem o seu papel, e o novo jogo faz ótimo trabalho ao manter a linha de eventos original enquanto adiciona uma carga dramática maior em relação a vários personagens.

Nem tudo são flores (ervas?), como as interações entre Leon e Claire, que mal se encontram durante a história e, quando acontece, passam longe do timing ideal.

2. Design antigo, mecânica atual

Ao contrário da saga moderna iniciada com Resident Evil 4, mais voltada para as set pieces de ação, o Resident Evil 2 Remake resgata a maioria dos elementos do survival horror clássico: recursos limitados, chaves e charadas espalhadas por um grande labirinto, e a certeza de que é preferível evitar um confronto a sair atirando sem considerar opções mais econômicas.

Atirar, inclusive, ficou mais intenso: se no RE2 original a mira era automática e regrada pelos ângulos fixos da câmera, agora a pontaria é por nossa conta, exigindo buscar partes vulneráveis no corpo do inimigo. Alguns tiros no peito podem até derrubar o zumbi no chão temporariamente, mas acertar a cabeça traz maiores chances de dano crítico.

Não é nada revolucionário, mas pelo comportamento dos monstros e pelo design do mapa, que incentiva o jogador a ir e vir constantemente, esse tipo de decisão estratégica funciona bem demais. E aqui não há itens deixados no chão pelos inimigos, nem golpes de contexto como em outros RE modernos; todo tipo de suprimento e solução ofensiva neste jogo é 100% finito.

Também é possível defender-se de um ataque utilizando sub-armas, um conceito emprestado do remake do primeiro Resident Evil. A diferença no jogo novo é que as sub-armas podem ser usadas livremente, sem contato com o inimigo.

As facas têm durabilidade limitada, enquanto as granadas de flash e fragmentação, é claro, são usadas somente uma vez. As facas ainda podem ser recuperadas depois de um uso de defesa, se o inimigo for derrotado.

Ao mesmo tempo, o jogo recorda praticamente todas as consequências das nossas ações. Por exemplo, arrancar a perna de um zumbi faz com que o inimigo se arraste no chão pelo resto do jogo, até que nos livremos dele de alguma maneira. Outro zumbi que nos perseguiu por várias salas poderá ficar por ali mesmo, longe do seu ponto de origem.

Esses detalhes transformam o mapa da delegacia em um grande quebra-cabeça: será que eu volto na biblioteca com essa nova chave, sabendo que deixei dois zumbis se arrastando por lá? Devo matar aquele outro zumbi e pegar a minha faca de volta?

Decisões assim acontecem durante todo o jogo, intensificadas pelo espaço limitado de inventário e… algumas outras surpresas.

3. Cenários A e B não vendem bem o próprio conceito

Resident Evil 2 Remake possui a mesma estrutura de cenários alternados que fez sucesso no original: o cenário A, em que um dos protagonistas explora a delegacia pela porta da frente, e o cenário B, que acompanha o segundo personagem por um caminho ligeiramente diferente e conclui a trama com o final estendido. A história pode ser iniciada por Leon ou Claire (cenário A) e finalizada pelo outro personagem (cenário B), totalizando quatro cenários de jogo possíveis.

Infelizmente, esse aspecto é talvez a única grande decepcão do remake, já que as mudanças de um cenário para outro não chegam a ser impactantes como no RE2 original. Os diálogos são os mesmos para cada personagem, bem como os confrontos com os chefes. Também não há nenhuma decisão no cenário A que venha a afetar o cenário B, como a sala de impressão digital no game de 1998.

Há uma ou outra diferença interessante, como certos itens no cenário B que aparecem antes do esperado, mas no geral, as quatro histórias passam uma sensação de termos comprado um pacote de figurinhas que veio só com repetidas.

A explicação mais provável, e aqui entra um pouco de especulação da minha parte, é que a Capcom planejava apenas um cenário para cada personagem, visto que as diferenças entre Leon e Claire, aí sim, são consideráveis: armas completamente diferentes, chefes e áreas exclusivos, personagens secundários únicos. Mas a revolta dos fãs foi tamanha que eles decidiram tentar preservar a estrutura antiga de cenários A e B, e o resultado não foi exatamente impecável.

4. Desafio superior ao original

Os níveis de dificuldade Assisted e Standard são balanceados para uma experiência relativamente suave, com valores de dano e quantidade de itens mais inclinados a favor do jogador, auto-save e espaço maior de inventário. O modo Assisted ainda oferece assistência de mira, e recupera parte da energia do personagem automaticamente, sem necessidade de usar itens.

Já o modo Hardcore, cuja descrição desafia abertamente os veteranos da série, contribui bastante para a tensão do jogo. Não é segredo que a distribuição de munições no RE2 original era segura e abundante, e o combate não exigia muita destreza. No nível Hardcore deste remake, no entanto, uma mordida qualquer leva o personagem ao status crítico de perigo, e há um elemento maior de planejamento de recursos.

Hardcore também é o único modo que adota Ink Ribbons para salvar o progresso, como nos games antigos.

Particularmente, eu recomendaria o modo Hardcore para a melhor experiência com o jogo, ainda que seja uma meta para sessões futuras.

E por falar em sessões futuras…

5. Longevidade relativa

Os games clássicos da série Resident Evil não costumam ser longos, e Resident Evil 2 Remake não é diferente: um cenário leva de 6 a 10 horas para zerar na primeira experiência. Comparado com qualquer grande produção atual, o saldo não é dos mais animadores se calcularmos o valor do investimento por hora de campanha. Além disso, a maior fonte de longevidade no RE2 original sempre foi a variedade entre os cenários A e B, que incentivam o jogador a concluir os dois lados da história. Aqui, pela sensação de repetição dos eventos, um cenário tende a satisfazer mais que dois.

Ainda assim, o design base do remake é suficientemente viciante para convidar o jogador para novas sessões. O combate, mais técnico que o do original, estimula um domínio maior a cada visita; a gente sente que pode atravessar tal corredor e derrotar tal inimigo utilizando menos recursos, e talvez com a mira um pouco mais calibrada.

As armas infinitas, marcas registradas da série, estão de volta como recompensas para finalizar a história em tempo recorde. Ao menos na minha experiência, esses prêmios não são nada inatingíveis. Eu destravei todas as armas usando uma rota bem segura, e depois disso continuei aprimorando meus tempos nos quatro cenários.

A pressão de correr contra o relógio pode ser estressante, mas também é gratificante perceber melhoras no nosso desempenho e no conhecimento do jogo. Detalhes como a opção de pular cenas e a ausência de telas de ‘loading’ durante o gameplay ajudam a não deixar maçante o processo de repetir a campanha várias vezes.

Também estão de volta os cenários extras 4th Survivor, estrelando o misterioso Hunk, e Tofu Survivor, estrelando… um bloco de tofu, por que não? Os dois modos seguem o mesmo conceito: um caminho linear com trocentos inimigos e pouquíssimos recursos à disposição.

O modo Tofu é acompanhado por uma trilha sonora de heavy metal absurdamente hilária dentro do contexto de estarmos controlando um tijolo de soja. Ainda há uma surpresa revelada após a conclusão do cenário Tofu que deve agradar aos que curtiram essas duas pequenas jornadas.

Os principais conteúdos por download deste jogo, ou DLCs, são gratuitos. Chamadas ‘Ghost Survivors’, as missões adicionais estrelam personagens secundários da história principal. O nome não é lá muito otimista pra esse pessoal, mas enquanto eles estão por aí, seus objetivos são mais ou menos parecidos com os de Hunk e Tofu: sobreviver a uma horda de inimigos em um caminho mais simples que o labirinto do game principal, com recursos bastante limitados. Os DLCs possuem uma dificuldade de treino e uma acima, mais exigente.

Outras extensões DLC, estas pagas, oferecem pacotes de roupas alternativas – incluindo o look Elza Walker, em homenagem à protagonista de uma notória versão cancelada do game original –, a trilha sonora do RE2 antigo como opção, e a possibilidade de pagar pelas potentes armas infinitas sem o esforço das corridas.

Até a data de publicação desta análise, não foi anunciado mais nenhum conteúdo por download.

Mais incentivos pós-história incluem modelos 3D dos personagens e monstros, roupas alternativas não-pagas, artes conceituais, e os já esperados achievements, incorporados pelo jogo em uma lista intitulada Records.

Finalmente, para os membros da rede oficial RE.net, a Capcom disponibiliza uma série de desafios semanais como zerar um dos cenários sem utilizar sub-armas.

Eu geralmente encontro maior rejogabilidade em games mais curtos. Nesse sentido, Resident Evil 2 Remake encaixou bem no meu gosto. A possibilidade de terminar um cenário em menos de duas horas – ou esticar a experiência explorando em um ritmo mais calmo – é algo que me atrai para novas aventuras mais do que uma longa e cansativa odisséia de 80 horas. Mas é claro, isso depende de cada pessoa e de cada jogo. Eu acredito que a duração das campanhas é a ideal, mas há também uma imensa oportunidade perdida nas conexões entre os cenários A e B, que poderia ter alavancado a estimativa de vida útil do remake.

6. Na estica

Com menos de dez minutos de jogo, os protagonistas encontram um policial encostado na parede, com aparência exausta. O sinal do rádio pendurado no uniforme do oficial transmite um som quebrado, meio estático, indecifrável. Ao chegar perto e examiná-lo, percebemos que seu rosto está completamente dilacerado, corroído, talvez. A câmera mostra todos os detalhes sangrentos possíveis nessa pequena cena de terror que, na minha visão, chega a rivalizar com a icônica introdução ao primeiro zumbi da série em 1996, ou os momentos mais perturbadores da série Silent Hill.

A apresentação visual e o design de som em Resident Evil 2 Remake são fenomenais. Um segundo de observação revela o comportamento de descanso de um dos monstros Lickers, que estica e enrola a língua sem notar a nossa presença. A animação é tão curiosa e ambígua que fica difícil concluir se a criatura está calma ou furiosa naquele momento.

Da “decoração” caótica na delegacia aos aterrorizantes passos de um certo vilão X, dono de alguns dos maiores sustos da franquia, cada instante do jogo é cuidadosamente orquestrado para entregar uma das melhores experiências audiovisuais do gênero.

O RE Engine, inicialmente criado para a franquia de terror, parece mais lapidado em relação à sua estreia em Resident Evil 7. Rostos estão mais expressivos e menos genéricos, a iluminação é convincente, e a interface de menus é rápida e prática. Há tropeços ocasionais, como o rosto de Claire, que parece ter sido otimizado mais para uns ângulos do que para outros. Mas o redesign dos protagonistas foi ótimo em termos gerais, e eles seguem como dois dos melhores personagens de Resident Evil.

A atenção aos detalhes também impressiona: corpos dos inimigos derrotados continuam por ali, decapitados, carbonizados, eletrocutados, do jeito que o jogador os deixou, até o fim da campanha. O visual das armas vai mudando à medida que o jogador encontra novos upgrades, que ainda podem ser checados com descrição específica no menu Examine.

Vale o novo susto

Resident Evil 2 Remake tem seus pontos questionáveis, mas no geral é uma excelente – e tensa – releitura de um dos grandes clássicos do terror, e figura entre os Top 9 jogos de Resident Evil. O game sobreviveu à desconfiança inicial e foi construído minuciosamente, com o intuito de surpreender até o mais cético dos fãs. Respeitando (quase) todas as convenções históricas do original, o remake ainda conseguiu acrescentar o bastante para desenvolver um encanto próprio.

Agora começa mais uma longa espera pelo remake de Resident Evil 3, que com o sucesso dessa nova versão de RE2, parece inevitável.

Ainda bem!

Resumão – Resident Evil 2 Remake
+ mistura bem a tensão do survival horror clássico e a jogabilidade livre da série moderna, sem sacrificar profundidade em nenhum dos estilos
+ homenageia o RE2 original ao mesmo tempo que constrói sua própria identidade
+ adaptações modernas bem-vindas, como o fim das telas de portas
+ desafio mais gratificante que no RE2 antigo
+ atenção aos detalhes, dos objetos examinados aos corpos deixados pelo caminho
– estrutura de cenários decepcionante e repetitiva
– a interação entre os personagens principais deixa a desejar
Nota final: 9/10

Conteúdo zerado em Resident Evil 2 Remake:

  • Os 4 cenários principais (Hardcore)
  • Cenários rejogados para destravar armas infinitas e rank S+ (Hardcore)
  • Cenários rejogados para aprimorar tempo de S+ (Hardcore)
  • 4th Survivor
  • Tofu Survivor (& família)